sábado, janeiro 05, 2019

Sábado, 5.
Ontem grande discussão que começou na Brasileira e terminou no Príncipe com momentos por vezes exaltados. João perguntou-me o que achava do convite da direita (para ele CDS e PSD) ao juiz Carlos Alexandre para que integrasse o grupos parlamentares dos seus partidos. Respondi-lhe que tenho o juiz em boa conta e espero que ele recuse. “Mas não é essa a pergunta que te faço. O que eu quero saber é se achas bem que eles o tenho feito. – A mim não me interessa decifrar por que motivo o fizeram, importa-me confiar que o Juiz terá a honorabilidade de não aceitar. – Então, ponho-te a questão de outro modo. E se fosse a esquerda (entenda-se o PCP) a convidá-lo, o que achavas. – O mesmo que penso estar no pensamento do CDS-PSD – oportunismo. É o mesmo jogo de interesses. Porque, meu caro João, o sujeito da acção e já agora da oração, é Carlos Alexandre. É nele que tenho os olhos, é nele que confio e por uma questão deontológica e pelo seu percurso pessoal sei que não entrará nos jogos de poder.” João Corregedor que passou quarenta anos de vida a esgrimir interesses públicos e partidários no Parlamento, não percebe o logro em que a acção política hoje navega. A Assembleia da República é uma espécie de ringue de boxe onde se contendem em primeiro lugar as conveniências partidárias, depois os proveitos pessoais e por fim, no fundo da Constituição, a colectividade amorfa que vive dos restos deixados pelos tubarões. Aquela Casa perdeu o respeito dos cidadãos, aqueles representantes não representam se não as corporações profissionais de onde provêm. Quando o meu amigo João não me consegue vencer, lança a consagrada frase: “Tu que és um tipo inteligente e culto, como podes pensar desse modo!” Eu não lhe dei a resposta, mas cogito para mim que é porque penso pela minha cabeça e não estou sujeito a nenhuma disciplina partidária.


         - De contrário, veja-se este exemplo vindo de uma cavalheira alter-ego da “ilustre figura”, Inês de Medeiros. A sujeita levanta a voz no sentido de os ex-deputados terem direito a fundo de desemprego. Esta desfaçatez surpreende pelo que traz agarrado de sobranceria, de arrogância, de imposição. Então não há ninguém que explique à linda menina que o exercício de deputado não é profissão. De resto, são eles que dizem (embora hipocritamente, sabemos bem), que escolhem ir para o Parlamento por serviço à nação e voz dos mais fracos. Essa abnegação cívica, permite-lhes ganhar um bom salário, ter deslocações pagas, nalguns casos casa à borla, seguro de vida-saúde e ainda lhes dá direito a reforma vitalícia. Assim, nas próximas eleições, vou candidatar-me à Assembleia da República com os votos dos meus leitores.