segunda-feira, janeiro 07, 2019

Segunda, 7.

Vai aí um grande brouhaha porque um tipo que adora dinheiro e fama, decidiu entrevistar outro tipo, furioso e agressivo, num programa televisivo de uma baixeza indescritível, ao nível do chinelo. Toda a gente fala dele o apresentador, mas ninguém da cadeia de televisão que o mantém há uma data de anos. Esta comédia burlesca, bem nacional, remeteu-me para aquele editor, com o contrato impresso sobre a mesa e pronto para eu assinar (tratava-se de O Desespero dos Dias Felizes), quando ele me diz que teria de ir a essa estação de TV com quem tinha contrato e por onde tinham de passar os seus autores. Recusei imediatamente. O amável homem tenta convencer-me da importância do programa, da sua popularidade, etc. Eu mantinha-me inamovível e declinei trabalhar com a editora. Era a minha dignidade e o meu trabalho que estavam em causa. Sentir-me-ia ridículo a responder a parlapatices idiotas, afixando um sorriso pateta, gostando eu antes de me rir a bom rir em todos os lugares menos naquele. Bem sei que o romance continua sem ser publicado, mas isso pouco importa tendo eu confiança nos seus méritos e originalidade.