Segunda,
7.
Vai
aí um grande brouhaha porque um tipo
que adora dinheiro e fama, decidiu entrevistar outro tipo, furioso e agressivo,
num programa televisivo de uma baixeza indescritível, ao nível do chinelo. Toda
a gente fala dele o apresentador, mas ninguém da cadeia de televisão que o mantém
há uma data de anos. Esta comédia burlesca, bem nacional, remeteu-me para
aquele editor, com o contrato impresso sobre a mesa e pronto para eu assinar
(tratava-se de O Desespero dos Dias
Felizes), quando ele me diz que teria de ir a essa estação de TV com quem
tinha contrato e por onde tinham de passar os seus autores. Recusei
imediatamente. O amável homem tenta convencer-me da importância do programa, da
sua popularidade, etc. Eu mantinha-me inamovível e declinei trabalhar com a
editora. Era a minha dignidade e o meu trabalho que estavam em causa.
Sentir-me-ia ridículo a responder a parlapatices idiotas, afixando um sorriso pateta,
gostando eu antes de me rir a bom rir em todos os lugares menos naquele. Bem
sei que o romance continua sem ser publicado, mas isso pouco importa tendo eu
confiança nos seus méritos e originalidade.