Segunda,
14.
Os gilets jaunes não largam Chou Chou. Há
três meses que estão na rua aos fins-de-semana e, não obstante a investida do
Governo mais forte e com confiança que a coisa ia implodir, estes dias provaram
que eles vieram para ficar, a avaliar pelo aumento de revoltados e os
sucessivos confrontos com a Polícia.
- Ontem passei o dia a visitar igrejas
que aqui tomam uma jornada bem abastecida. Cada uma mais bela que a outra, os
nossos olhos perdem-se na beleza de um tempo que acreditava e demonstrava a sua
fé através de obras de arte absolutamente extraordinárias. Isto foi ontem e
falarei quando calhar.
- Hoje, acabado de chegar de
Auschwitz-Birkenau, sem palavras que se arrumem no meu cérebro, embora me tenha
preparado psicologicamente ao que ia, confesso que não me sinto capaz de ordenar
ideias que jeito tenham. Não foi só o choque de revolta, é também o esforço
físico de subir e descer escadas, marchar sob neve a cair e vento forte, frio e
perigosidade, tudo combinado para deixar o mais sólido ser humano num estado
apático de tristeza. Durante as três horas que por lá andei, não abdicava de
pensar na frase de André Malraux: Je
cherche la région cruciale de l´âme où le Mal absolu s´oppose à la fraternité.