terça-feira, dezembro 19, 2017

Terça, 19.
Chou Chou decretou o fim do Daesh dizendo que fora corrido do Iraque e da Síria. Pobre monarca! Não tarda vai ter a resposta no seu próprio país, levando ao desastre os seus súbditos. Como se fosse possível acabar com o fanatismo religioso por decreto. Eu bendigo o nosso sistema político que por ser semi-presidencial, não permite a coroação de um qualquer tipo chegado ao poder vindo do nada. 

         - Tive de estar em Lisboa muito cedo. Desci em Entrecampos e entrei no metro. Horror! Horror! As massas de gente a caminho dos empregos são um autêntico pesadelo. Filas intermináveis para as poucas máquinas distribuidoras de bilhetes, as antigas bilheteiras fechadas definitivamente, as plataformas a abarrotar. Não admira que muita gente viaje à pala. E como de costume, “o povo é sereno”. Nenhuma revolta, nenhum protesto. De que somos nós feitos, Santo Deus!

         - Almocei com o nosso grupo no Príncipe. Fiz uma troca com o Paulo Santos: ele oferece-me o seu último livro, eu um dos meus à escolha. Conversa empolgante em torno da mesa: Paulo, Alexandre, Carlos, Mário. Ignorei o pide que me queria crucificar há tempos na sequência de uma discussão sobre o regime de José Eduardo dos Santos e outras parlapatices políticas. Depois, na companhia do Irmão, ficámos que tempos sentados no parapeito do metro, no Chiado, à conversa sobre arte a rimo-nos de tudo e nada, apreciações sobre quem estava, quem passava, dos saloios turistas que como baratas tontas não sabem onde aliviar o vazio que passeiam.


         - Vou ter que me decidir. Toda a gente me empurra nesse sentido embora eu, no íntimo, quisesse deixar após a minha morte o que me saiu do coração e foi construído com sangue, fibras, raiva e suor. Despir-me numa manhã tão fria, é algo que ninguém deseja.