Quinta,
7.
Frederico
Lourenço deu uma grande entrevista à revista Ler, conduzida (bem) por Filipa Melo. A dada altura a
entrevistadora pergunta-lhe: “Consegue conceber o mundo sem Deus?” Eis a
resposta: “Não, só se não existir nele nenhum homem.” A conversa prossegue sob
o mesmo tema e mais adiante a jornalista questiona-o se aceita Deus. “Não tenho
a mínima dúvida de que Deus gosta muito de mim. (...) sinto que sou ouvido,
olhado, amado por Alguém (em maiúsculas), sinto isso totalmente, sempre
senti. Para
mim Deus faz sentido irracionalmente.” Ao ler estas palavras, suspendi a
leitura, travei a emoção, parei a pensar em mim cuja vida sempre foi iluminada
por uma presença invisível, que vela por mim, e sinto como algo papável, que
orientou com doçura o meu caminho até aqui. Há tantos factos que poderia
atestar, não fora o pudor que em mim mora... (interrompido)
- O mês vai tristonho quando apela ao
desaparecimento de tantos de nós, seres humanos cuja viagem terminou. Não só em
Portugal, como em França: Jean d´Ormesson, aos 92 anos e Johnny Hallyday com
74. Um e outro são chorados no seu país, um e outro trouxeram um contributo
importante à felicidade de todos nós. Merecem por isso um lugar no coração do
Criador.
- Black desceu do seu pedestal para me
receber quando me viu chegar. Por estes dias frios, escolhe com frequência a
caduca palmeira atacada pelos parasitas para se dar ares de rei da selva. Na
minha ausência, a Piedade empanturrou-o de coisas que ele adora e está hoje com
peso a mais. Como eu, de resto, que vou ter que abater um quilo e meio apesar
do imenso cuidado que tive e nas muitas coisas deliciosas que fui recusando.