Sexta,
1 de Dezembro.
Carlos
telefonou, pesaroso, a dar-me a notícia da morte do Osório de Castro. Pouco
tempo antes de deixar Palmela, convidei-o para um almoço em Azeitão em frente
ao palácio onde vivia. Era uma personagem com quem dava gosto conversar.
Conhecia toda a gente e sabia falar de tudo. Às vezes passávamos horas à
conversa na sua pequena sala do vasto palácio dos Duques de Aveiro. Foi incinerado
na vila onde viveu e onde toda a gente o conhecia. Que repouse em paz.
Acabaram-se as preocupações que eram muitas familiares e de manutenção do
edifício.
- Os jornais e televisões de ontem
falaram, enfim, de Portugal. Que disseram? Que o Governo para o próximo ano
levanta em definitivo a austeridade imposta pela desordem e corrupção do
governo socialista do camarada Sócrates, que os reformados vão ser aumentados,
as carreiras bloqueadas conhecer a rotativa das promoções... Mas o Le Monde,
pela pena de Marie Charrel, acresentava: “la dette publique culmine toujours à
130% du PIB”, “le sistema bancaire est toujours encombré d´um niveau élevé de
creances douteuses”, “19% de la population vit toujours sous le seuil de
pauvreté”.
- A Coreia do Norte lançou novo
míssil. Este parece alcançar os EUA o que pôs Donald Trump num coro de ameaças,
prontamente esfriadas por Moscovo. Mas é evidente que o insuflável é um pequeno
homem inteligente. Nesse campo pôe Trump a um canto, sossegado e tramado.
- Há uma cena que me horrorizou: o termo à vida, quarta-feira, em
directo pelas câmaras de televisão, do homem que levou à morte milhares de
croatas durante a guerra na Bósnia, Slobodan Praljak. Perante o veredicto do
tribunal de Haia, em plena sala de audiências, o ex-general inconformado com a
condenação a 20 anos de prisão, tirou do bolso um veneno e tomou-o. Que
coragem! Que personalidade! Inclino-me sempre ante alguém que põe termo à vida por
ideologias, sentimentos ou incapacidade de viver.
- O frio está instalado, as primeiras neves aí estão. Numa deambulação
pelas livrarias de Saint Germain-dès-Prés, encontrei finalmente uma edição dos Ensaios de Montaigne que tanto procurava
num volume só. Que satisfação!
As primeiras neves do meu recolhimento |
O Parque de la Courneuve visto do meu quarto |