sexta-feira, dezembro 01, 2017

Sexta, 1 de Dezembro.
Carlos telefonou, pesaroso, a dar-me a notícia da morte do Osório de Castro. Pouco tempo antes de deixar Palmela, convidei-o para um almoço em Azeitão em frente ao palácio onde vivia. Era uma personagem com quem dava gosto conversar. Conhecia toda a gente e sabia falar de tudo. Às vezes passávamos horas à conversa na sua pequena sala do vasto palácio dos Duques de Aveiro. Foi incinerado na vila onde viveu e onde toda a gente o conhecia. Que repouse em paz. Acabaram-se as preocupações que eram muitas familiares e de manutenção do edifício. 

         - Os jornais e televisões de ontem falaram, enfim, de Portugal. Que disseram? Que o Governo para o próximo ano levanta em definitivo a austeridade imposta pela desordem e corrupção do governo socialista do camarada Sócrates, que os reformados vão ser aumentados, as carreiras bloqueadas conhecer a rotativa das promoções... Mas o Le Monde, pela pena de Marie Charrel, acresentava: “la dette publique culmine toujours à 130% du PIB”, “le sistema bancaire est toujours encombré d´um niveau élevé de creances douteuses”, “19% de la population vit toujours sous le seuil de pauvreté”.

         - A Coreia do Norte lançou novo míssil. Este parece alcançar os EUA o que pôs Donald Trump num coro de ameaças, prontamente esfriadas por Moscovo. Mas é evidente que o insuflável é um pequeno homem inteligente. Nesse campo pôe Trump a um canto, sossegado e tramado.

         - Há uma cena que me horrorizou: o termo à vida, quarta-feira, em directo pelas câmaras de televisão, do homem que levou à morte milhares de croatas durante a guerra na Bósnia, Slobodan Praljak. Perante o veredicto do tribunal de Haia, em plena sala de audiências, o ex-general inconformado com a condenação a 20 anos de prisão, tirou do bolso um veneno e tomou-o. Que coragem! Que personalidade! Inclino-me sempre ante alguém que põe termo à vida por ideologias, sentimentos ou incapacidade de viver.


         - O frio está instalado, as primeiras neves aí estão. Numa deambulação pelas livrarias de Saint Germain-dès-Prés, encontrei finalmente uma edição dos Ensaios de Montaigne que tanto procurava num volume só. Que satisfação!

As primeiras  neves do meu recolhimento 

O Parque de la Courneuve visto do meu quarto