quinta-feira, dezembro 28, 2017

Quinta, 28.
Em uma parte da Europa e em vários Estados da América têm ocorrido grandes tempestades de neve, com as temperaturas a descer a menos de 40 graus. Este frio glacial, interrompeu a vida no seu curso normal. Só as crianças parecem usufruir deste clima retidas em casa, sonhadoras.

          - Enfim, o alerta soou nas centrais de muitos organismos. A minha indignação de há uma semana, chegou tarde e a más horas. A lei que o PS conluiado com os demais partidos à excepção do CSD e do PAM construiu para aliviar as suas dívidas e possuir dinheiro sem controlo, está a causar não só espanto como revolta. Estas atitudes são típicas da governação socialista que, desta vez, convieram aos outros partidos. Quem não se lembra da lei feita quando das cenas pedófilas, da lei Sócrates sobre os dinheiros de retorno ao país, e por aí adiante. Esta irresponsabilidade criminal, prova o desrespeito pela democracia, o sentimento de que o país é uma coutada dos partidos, que as pessoas contam muito pouco, são sugadas com impostos para que os governantes possam gastar a tripa-forra. Esta gente não me merece nenhum respeito.

         - Quando no mês passado fui mostrar as análises anuais ao meu médico, estando “muito bem, mesmo muito bem”, ficámos um pouco à conversa. O Dr. V. Alves é dado às artes, pinta, escreve, e sempre que o visito todas estas paixões vêm à baila. Desta vez falou-me da enorme riqueza que é a sua actividade clínica, dos seus doentes, e sem citar um único nome, contou-me histórias humanas incríveis. Aconselhei-o a escrever sobre isso e acrescei “desde que não me ponha lá”. Rui-se, rimo-nos. E depois disse: “Preciso que me trate por mais vinte anos, pois tenho três livros para escrever antes de partir.” Logo ele se interessou por saber de que tratam. Falei do Juiz Apostolatos, do Matricida (o rosto ia mudando à medida que desenvolvia a sinopse) e do Fantasmagorias. E ele, impressionado: “Onde vai você buscar essas histórias? - À vida”, respondi.


         - Tempo moche. Todo o dia o céu esteve com um boné cinzento a lembrar os dias tristes de inverno. Da quinta ao lado, através dos vários fogos controlados, chegava um intenso aroma a eucalipto. Silêncio. Trabalho. Horizonte fechado de mágoas travadas.