Domingo, 17.
O
cortador de árvores é um português típico: casado com uma mulher mais velha vinte
anos, que do primeiro casamento trouxe três filhos e fez dois com o nosso
bombeiro, come desalmadamente, nada mais que sete costeletas numa refeição,
cinco febras, bebe sem refreio, enfarda duas lagostas duma vez, dois quilos de
gambas duma assentada, dorme pouco, trabalha muito, é reinadio, gosta de
karaoke, bailes, tem 400 de colesterol e não se importa, é magro e musculado, se
preciso for fuma de enfiada dois maços de tabaco, é de uma simpatia
contagiante, bom profissional, ama a mulher desde a primeira hora, tem um harém
de amigos com quem faz noitadas quando não trabalha até às cinco da manhã na
recolha do lixo ao serviço da Câmara, é nervoso e vive montado num sistema febril
desgastante. Quando lhe faço notar que tem a vida do avesso, responde-me com um
largo sorriso: “Morro quando tiver que morrer.”
- Excelente homília esta manhã do celebrante
na bela igreja do Senhor do Bonfim. Tratava-se do evangelho de João a propósito
da vinda de Jesus trilhada por João Batista. A dissecação das palavras do
Evangelista, traduziram uma inteligência que nos transporta ao tempo de Cristo com
a precisão de quem fala com conhecimento de causa e fá-lo não para nos tratar
de coitadinhos, mas para nos integrar no pensamento e obra do Criador.