Terça, 22.
Hoje,
pelas oito e trinta da manhã, tenho ao portão um homem de meia idade a
perguntar-me como quero que ele limpe o terreno do meu vizinho. Digo-lhe que
não tenho o hábito de me meter na vida alheia e muito menos nos negócios dos
outros. “Não sou o dono dessa quinta, não fui eu que lá pus a bomba ao
retardador que é floresta de eucaliptos e, portanto, o senhor vai ter que perguntar
ao seu patrão que é de geração de agricultores.” O simpático trabalhador fica
um pouco aturdido sem saber o que fazer. Palavra puxa palavra, ele dá-me razão
nas minhas reivindicações pelo cumprimento da lei. Então acrescento: “passe o
tractor em todos os sentidos do terreno, não só na proximidade da minha quinta
como debaixo das árvores. – Pois. Mas ele disse-me para andar aqui só até ao
meio-dia!”, devolve-me o empregado, constrangido. Por enquanto nenhum
comentário.
- Esta manhã estive a serrar aquilo
que outros deitaram fora e eu aproveitei ao longo deste ano. Se não estou em
erro, é o quarto inverno de economia em lenha para as lareiras, portanto 400
euros que não me saíram do bolso.
- Dizem-me que José Sócrates andou há
pouco tempo a tentar comprar o jornal O Público. Mas com que dinheiro se o
homem diz que só ganha a modesta reforma que o Estado lhe paga pelos altos
serviços prestados à nação, de 2.372,05 euros! Será que o sujeito tem outros
amigos com a capacidade do dono Grupo Lena! Se, sim, é um felizardo.