Quinta, 17.
Na
Biblioteca Nacional, do lado esquerdo de quem entra, estão numa série de
vitrines expostos livros raros de autores portugueses desde o século XIV ao
século XIX. A maioria pertence ao acervo de Rei D. Manuel e decerto da Casa de
Bragança que tem morada em Vila Viçosa. Admiro muito este Rei que soube fazer
do seu exílio em Londres, sem dinheiro, o empenho na aquisição de relíquias
hoje indispensáveis à história nacional. Ao sair, senti um desejo louco de dar
um salto ao Alentejo e rever a sua biblioteca no primeiro andar do Paço Ducal. Mas
enfrentar 40 graus, é obra!
- Nestes tempos de veraneio e espírito
solto, o canal Arte ou TV5 Monde, têm o excelente hábito de apresentar
programas de formado dito ligeiro, mas sempre interessantes e cheios de
conhecimento. Foi o caso, ontem, da moda dos hostels. A dirigir um deles,
estava um casal visivelmente gay. O apresentador, referindo a eles, utilizou o adjectivo
couple. E logo me veio à ideia aquele
casal de amigos que costumava vir por aqui muito. Um dia, escrevi neste blogue “estiveram
aí os Silva” (nome fictício). Que fui eu dizer! A partir daí nunca mais
apareceram nem telefonaram.
- Começo a achar que anda não só mão
criminosa nos incêndios, como por detrás há uma organização qualquer. Deve
andar muita gente a ganhar fortunas com a tragédia nunca vista em Portugal. Eu
espero que a nova lei dos solos venha resolver uma vez por todas a anarquia que
permite aos proprietários fazerem o que querem dos terrenos. Ontem telefonei ao
meu vizinho a perguntar por que não veio ainda limpar o seu eucaliptal. Invocou
um acidente do seu empregado e garantiu que dentro de dias virá. Este tipo,
filho do anterior grande agricultor e homem que amava a terra, sendo novo, só vê
o lucro e por isso mandou arrancar a vinha para encher a quinta desta porcaria
e expor-nos a todos à desgraça. Tenho esperança nos bombeiros. De facto, por
aqui, e pela Serra da Arrábida, que eu saiba, ainda não aconteceu nenhum incêndio,
prova que o trabalho dos agentes de segurança e prevenção tem funcionado. Dizem-me
que eles têm soldados da paz em permanente vigilância nas ameias do castelo de
Palmela. Logo que avistam fumo, descem por ali abaixo ao encontro dos prevaricadores
e multam-nos.