Quarta, 23.
Ontem,
durante a meia-hora de piscina, surgiu inopinadamente o final do Juiz Apostolatos. Havia na história um
enigma que eu ia pensando sem encontrar saída e eis que me vem não sei de onde as
derradeiras cenas do livro que tanto me inquietavam. Não é bem o final – esse
tinha-me sido revelado há algum tempo -, mas um pormenor do fim que faz toda a
diferença. Estou muito longe da conclusão, embora tenha sentido não só
entusiasmo em pensá-lo, como nestes últimos tempos todas as manhãs a escrevê-lo.
- No barco batizado Fernando Namora,
encontrei a funcionária do bar de quem falei aqui noutra altura. Logo que a
avisto, sento-me nas primeiras cadeiras para escutar os piropos e a conversa malandra
que ela quase sempre trava com as habitués. Hoje ouvi-a lançar um grande elogio
ao marido garanhão: “Eu saio de casa muito bem resolvida.”
- O Príncipe abriu esta semana. Fui lá
juntar-me aos amigos para um almoço barulhento até dizer chega. Mesmo assim,
foi possível travar uma conversa ao nível do Corregedor. De seguida no atelier
do Guilherme, o Carlos Soares e eu, demorámo-nos a ver os últimos trabalhos do
Mestre e em conversa solta até à meia-tarde. Alguns artistas amigos passaram no
fio calmo (desta vez não havia álcool) das recordações, não só eles como a sua
pintura e escultura. O Irmão lançou o tema que o obceca nesta altura Eugène Delacroix.