quinta-feira, agosto 10, 2017

Quinta, 10.
Chou Chou perde a pouco e pouco a sua presumida juventude que lhe valeu a subida ao Eliseu. Na sequência de mais um dos seus ter à pressa abandonado a Assembleia por ter empregado a mulher à conta do Estado, como tantos outros, afinal, está agora a contas com a ocupação de Brigitte, que digo eu, da primeira dama, dobra a língua verme, em cargos diversos, sem nome nem objectivos precisos. Os franceses que estão atentos e fartos de deputados e políticos a viver principescamente do dinheiro dos seus impostos barafustaram, querem saber que serviços vai madame fazer, quanto vai ganhar e assim. A coisa foi de tal modo violenta, que Chou Chou recuou e vai ter que se contentar por enquanto com a sua esposa dulcíssima a seu lado. Apenas.

         - Esposa, de seu nome Brigitte Trogneux, mais velha trinta anos, deve ter grande influência sobre o marido. Eu lembro-me, na altura da vitória do esposo sensível, a revista americana Quartz, dizer mais ou menos isto: “A madame personifica tudo o que há de intoxicante, invejável e ridículo da cultura francesa. É impossivelmente elitista e socialista.” Acertou em cheio, eu assino de cruz.


         - Almocei com o Carlos e os do costume no Tagarro. Fugi ao calor previsto para aqui (35 graus). Carlos não bebeu em exagero e Virgílio também não. Por isso, de seguida, fomos abancar no nosso bar em frente a Casa da Imprensa, onde ficámos uma parte da tarde em conversa solta e aprazível. Entrou de tudo e Corregedor estava como sempre o conheci empolgante de temas e anedotas saborosíssimas. Carlos, com o computador instalado no cérebro, debitou números, personagens, lugares, mostrando que os anos que levou a amassar conhecimento são hoje a cátedra que todos lhe reconhecem. Dizia-me ele à saída: “Tenho pena de não poder passar o dia inteiro a ler. A ler apenas.” Amanhã voltaremos a reunir-nos para conhecer um restaurante em Alfama.