Sexta, 1 de Julho.
Estou aqui à rasquinha. Queria falar com
o ex-adjunto de Passos Coelho, mas não sei como o tratar. Antes quem se lhe
dirigisse, diria reverencialmente senhor doutor Miguel Relvas, mas agora que
lhe foi retirado o título como muitos parlapatões portugueses, com ou sem curso
académico, gostam de ser tratados e é muito mais importante que o seu próprio nome
de família, estou sem saber como me dirigir a tão alta personalidade e
espécime. Vou optar por senhor Miguel. Assim como a assim reponho-o na classe
de onde nunca devia ter saído: a das pessoas simples e honestas, cultas e
civilizadas.
- Falámos há dias pelo telefone e combinámos encontrarmo-nos na
Brasileira. Corregedor igual a si mesmo, tomado do ímpeto da discussão onde
tudo e todos são corridos a estafermos, filhos da puta, sacanas, cabrões, o
Público um pasquim, o Diário de Notícias uma merda, o Avante o único jornal que
fala da vida dos trabalhadores assiduamente e com seriedade, este meio irmão
daquele que tomou o poder em certo canal de televisão e é um monstro, esta que
passou a dormir com aquele e é medíocre e aproveitadora, enfim, um ufanar de
epítetos que ninguém leva a mal sabendo como ele é, vulcão de informação
explodindo em cogumelo de graça e ódios de estimação. Descemos o Chiado.
Chegados ao centro comercial com o mesmo nome, eu espalhei-me na calçada -
coisa que já há muito tempo não me acontecia. Não parti nada (e porque havia eu
de quebrar?), embora tivesse ficado com o músculo da coxa que os homens adoram
passar a mão rugosa e enternecedora, e me fazem cocegas e provoca tremeliques
vaporosos, dorida. Graças à natação que me deu umas pernas sólidas, musculadas.
Bendita seja a piscina onde mergulho todos os dias para meia hora de exercício.
Chegado a casa, pus gelo e o hematoma já quase desapareceu. Estou pronto para
outra.
- Saldo final do atentado em Istambul: 42 mortos e mais de uma
centena de feridos. Embora os selvagens da Daesh não tivessem reivindicado o
crime, toda a gente concluiu que a mortandade veio deles.