Terça, 12.
Talvez a razão pela qual os portugueses
se desinteressaram da política, resida na informação que se pratica entre nós.
Tudo é repetido, visto, amassado, manobrado, perpassado das mesmíssimas
palavras, dias a fio, às vezes semanas, como hoje o futebol e a sanção que a UE
vai ou não aplicar a Portugal. Os noticiários são uma seca, um espectáculo
extraído dos dramas humanos – assassinatos, discórdias sangrentas entre
famílias, roubos, filhos de tenra idade mortos às mãos dos pais, assaltos, cenas
canalhas combatidas pela polícia armada até aos dentes, desastres de viação, divórcios
violentos, a quotidiana recitação dos roubos perpetuados pela classe política...
Tudo entra diariamente intempestivo nos lares portugueses. É impossível, por
muita paciência que todos nós tenhamos, suportar um tal frete, um tal atentado
à nossa inteligência. Eles chamam a isto informação, liberdade de imprensa; eu
chamo indiferença e respeito pelos espectadores, lavagem do cérebro,
manipulação.
- Marcelo, António costa, Gama, Passos
Coelho que nunca ligou ao futebol e também esteve em Paris, e tantos outros sem
esquecer o pequerrucho banqueiro Durão Barroso, montaram o êxito dos jogadores
do Euro. O Presidente da República foi ao ponto de fazer de cada um Comendador.
Ao que isto chegou! De facto, a vulgaridade, a demagogia, o oportunismo e o
populismo estão instalados. Desde que puseram Eusébio no Panteão, tudo é
possível. Pobre nação! Todavia, bem vistas as coisas, basta dar uma olhadela ao
comendadores que a República produziu, para se perceber que ficam todos em boa
companhia. Doravante, muito respeitinho, com o comendador Ronaldo, Éder ou
Babucháchá.