quinta-feira, julho 21, 2016

Quinta, 21.
Longa conversa com o escultor Virgílio Domingues a propósito da pintura de Guilherme Parente. Ambos admiramos o artista e, como tenho muita amizade pelo eminente professor, permiti-me tecer algumas considerações sobre a pintura do nosso amigo comum. Disse-lhe que nunca vi em nenhum artigo, crónica ou catálogo, a ligação da sua pintura à infância. Guilherme é um ser misterioso, secreto, que vive num mundo à parte, numa espécie de limbo feliz, que não desvenda a ninguém e só a sua pintura reflete. Falo da cor, das formas, daquela invasão dos elementos pictóricos que inundam as suas telas e são por si só um cosmos deslumbrante de modernidade. Só ele pinta daquela maneira, só ele consegue misturar as cores com tal magia que a tela resulta numa espécie de jardim da infância onde ele permanece eternamente abstracto ao mundo visível e dramático dos nossos dias. Os seus elementos de ligação ao que o comove, cerca, interpela são desagregados da sua função emocional para se constituírem em uma superfície tangente ao rumor longínquo que o chama do fundo do paraíso. Talvez o artista nunca de lá tenha saído, mesmo quando a vida o forçou a acudir à trivialidade do ganha-pão, do convívio cínico, da palavra redonda que aperta a consciência quando nela depositamos as ambições e a megalomania do génio. A sua marca, a sua assinatura, corresponde à sua generosidade que só os grandes possuem. Onde quer que esbarremos com as suas telas, imediatamente as identificamos porque a sua assinatura ímpar reside numa forma poética de fazer pintura. Ninguém em Portugal pinta como ele. Ele não se assemelha a nenhum outro artista, nacional ou estrangeiro. Reina sozinho num mundo fabuloso que só ele conhece os enigmas. Como Picasso, Modigliani e sobretudo Matisse.   

          - Os Republicanos do vulgar Sarkosy, inventaram uma nova estrutura morfológica para correr com os estrangeiros: o “islamismo político”.