sábado, julho 30, 2016

Sábado, 30.
Ontem no Aqui Há Peixe para onde o Guilherme Parente me arrastou, discutimos o texto que ele faz questão ser eu a escrever para a exposição de Paris. A base é a que apresentei aqui, embora eu queira desenvolver o paralelo entre a sua pintura e de Picasso que, aparentemente, nada tem a ver uma com a outra. Mas Guilherme não sabe o que pensava Jean Cocteau da pintura do Catalão. Bom. O restaurante é pouso de políticos e artistas (poucos) entre muitos Catroga. O nosso bonacheirão economista, tem lá garfo e faca e os preços são upa upa. Como fazia um calorão e a sala estava bem climatizada, a conversa estendeu-se pela tarde num rosário de nomes e conjunturas. Fomos os últimos a sair. O meu amigo contou-me uma noite naquele restaurante com a Duquesa d´Alba. Eu dava tudo para a ter conhecido. Ela abancou sem marcação e só pediu que não passassem para fora que ali se encontrava com a secretária, o marido e o motorista que comeu no restaurante em frente. Diz-me o Guilherme que foi uma reinação à moda da simpática María del Rosario Cayetana Paloma Alfonsa Victoria Eugenia Fernanda Teresa Francisca de Paula Lourdes Antonia Josefa Fausta Rita Castor Dorotea Santa Esperanza Fitz-James Stuart y Falcó de Silva y Gurtubay. Ela gozou bem a vida e... à espanhola. Nas tintas para a dita “boa sociedade” da qual provinha, os preconceitos e a moral balofa, a minha divertida tia.

         - Sócrates pelos vistos ainda tem audiência. Esquecendo-se de que já não é primeiro-ministro, convocou os jornalistas para chamar arrogante ao juiz que coordena os inúmeros processos judiciais de que é suspeito. Pela língua morre o peixe. Se houve após 25 de Abril algum dirigente político mais arrogante do que ele, que alguém me diga o seu nome. Por muito que interrogue a minha memória e eu tenho-a impecável, não encontro. A estratégia dele é fácil de perceber: ao insistir nos prazos para a condenação, quer esquivar-se com a sua caducidade ao julgamento. Foi assim que muitos ladrões de alto coturno deste país escaparam. Aquela cabeça não pára de engendrar narrativas rancorosas.


         - A Annie falou-me na razia que os jhiadistas estão a fazer nas igrejas de norte a sul do país. Roubam e destroem as imagens religiosas que adornam os altares. A extrema-direita francesa contactou-a para lhe pedir dinheiro para reconstruir o que os bárbaros desfazem. Tratando-se da facção que é, ela recusou a verba mas escreveu ao responsável pelo pelouro narrando-lhe o que está a acontecer.