sábado, dezembro 26, 2015

Sábado, 26.
Ainda a morte do jovem David Duarte abandonado no hospital de S. José. Leio tudo o que se escreve sobre o assunto e do muito que me passa pelos olhos, não li que um só governante, um só clínico, um só administrador hospitalar tivesse pedido desculpas aos familiares ou simplesmente apresentasse condolências. É o desprezo total. Mais: só o actual ministro da Saúde, tem tido um discurso equilibrado e não cedeu às demagogias. Tudo o resto, está na cara, pretendem culpar o anterior titular da pasta e, sobretudo, escapar às suas responsabilidades. O dinheiro continua a preocupá-los, pois é só disso que falam. Esquecem-se que na Alemanha o preço/hora extraordinário dos serviços hospitalares é quase o mesmo que em Portugal. No final a culpa vai morrer solteira – estamos em Portugal, não é verdade. Voltámos ao tempo dos barões da medicina.

         - O Público diz que “quase metade dos futuros psiquiatras tem ideias suicidas”. Pois. É por isso que são psiquiatras e muitos deles charlatães. 

         - Segundo os mais recentes números, pelo menos um milhão de refugiados alcançou a Europa e mais de três mil morreram no mar. O problema não está resolvido e todos os dias chegam às centenas de todo o lado. Há dias quase uma centena faleceu em botes improvisados. Por aqui e por ali, instala-se a revolta na forma de ódios raciais. Não quero imaginar o que seria hoje uma guerra à escala mundial.

         - Aqui, neste oásis de serenidade e silêncio, o campo oferece-se forrado de um verde luminoso. É um regalo olhá-lo da janela onde todas as manhãs trabalho e onde o brilho do sol se rebola sorridente no tapete vegetal. As árvores, despedias dos agasalhos que dariam jeito nesta altura do ano, são esqueletos acastanhados que esperam a Primavera com orgulho heroico. Estão mais rijas, mais sólidas de verticalidade, e quando o vento lhes bate, mantêm-se hirtas de olhos postos no céu de um azul claro. Ainda não vieram as primeiras camadas de gelo para cobrirem o chão de um alvo pelúcido. Forrado de erva rasteira, não deixa ver as pegadas dos coelhos que se divertem quando o sol aquece. Todos estes seres dormem, parecem mortos na imóvel melancolia que se espraie sobre a superfície onde eu queimei os ramos da velha palmeira, as podas dos arbustos. O fogo é o único elemento que vive da efemeridade. 



         - Fiquei agradavelmente tranquilo com a original mensagem de Natal do primeiro-ministro. Ufa!