Quinta, 17.
Esta semana tem sido um corrupio quase
diário a Lisboa. Decidi começar a bater-me por Madame Juju e de súbito eis que
tenho sete editores, entre grandes e pequenos, interessados em ler o romance.
Feliz? Claro. Muito. A ver vamos se no final a fartura não me deixa à beira do
desespero. Bom.
Por outro lado, interiormente, alimento a ideia de, tal como ao longo
destes últimos dois anos e meio fui desabafando com os meus leitores as dores
do parto que Madame passou para mim, também agora quero fazê-los cúmplices das
alegrias ou desânimos do crescimento e apartação deste filho muito amado. Creio
que com isto, posso igualmente ser útil àqueles leitores que me contactam pedindo-me
ajuda para a publicação das suas criações literárias. Nesta selva intelectual,
quem como eu pensar pela sua própria cabeça, for independente, não bajular, não
for cínico, terá de escalar a montanha com o suor e as dores do seu corpo e da sua
mente, quero dizer, contando apenas com o seu talento intrínseco. Muitas vezes
tenho dito aqui e aos amigos mais chegados a estas reflexões: para mim o
importante nesta escala de valores, o mais sublime, o mais sagrado é a escrita
- tudo o resto é acessório.