Terça, 2.
A gente lê os que antes nós escreveram,
viveram, sofreram e chegamos à conclusão que nada mudou neste petit pays. Se o Diário de Régio não estivesse
datado, julgaríamos que todo o seu infinito murmúrio vassourou as consciências
ontem. Porque ficou, passou para as gerações seguintes, toda uma problemática
de teor mesquinho, do salve-quem-puder, do rasante à inveja, à importância e
abuso da cultura, à composição do boneco articulado que comanda, domina,
escarnece e se sobrepõe por métodos de capela, de corporação, de interesses.
Acusaram o fascismo da culpa de imobilismo mórbido durante quarenta anos, mas a
democracia que leva os mesmos anos não lhe fica atrás. Se exceptuarmos a
propaganda, as obras de fachada, a riqueza que chegou e partiu, o que ficou foi
um interregno, uma espécie de festa celebrada com fogo fátuo e uma multidão de
seres aparvalhados ante o futuro, a desgraça, a vida falhada, manobrados por um
punhado de ignorantes sem escrúpulos com as mesmas idiossincrasias dos anteriores
por eles disputados.
- O perfume das grandes tílias em flor esta manhã no Campo Pequeno,
transportou-me com a sua fragrância, às recordações felizes cristalizadas na
infância. O adulto que hoje sou tudo deve a esse paraíso de onde saiu sonâmbulo
para a desordem do mundo.