terça-feira, junho 02, 2015

Terça, 2.
A gente lê os que antes nós escreveram, viveram, sofreram e chegamos à conclusão que nada mudou neste petit pays. Se o Diário de Régio não estivesse datado, julgaríamos que todo o seu infinito murmúrio vassourou as consciências ontem. Porque ficou, passou para as gerações seguintes, toda uma problemática de teor mesquinho, do salve-quem-puder, do rasante à inveja, à importância e abuso da cultura, à composição do boneco articulado que comanda, domina, escarnece e se sobrepõe por métodos de capela, de corporação, de interesses. Acusaram o fascismo da culpa de imobilismo mórbido durante quarenta anos, mas a democracia que leva os mesmos anos não lhe fica atrás. Se exceptuarmos a propaganda, as obras de fachada, a riqueza que chegou e partiu, o que ficou foi um interregno, uma espécie de festa celebrada com fogo fátuo e uma multidão de seres aparvalhados ante o futuro, a desgraça, a vida falhada, manobrados por um punhado de ignorantes sem escrúpulos com as mesmas idiossincrasias dos anteriores por eles disputados.   


         - O perfume das grandes tílias em flor esta manhã no Campo Pequeno, transportou-me com a sua fragrância, às recordações felizes cristalizadas na infância. O adulto que hoje sou tudo deve a esse paraíso de onde saiu sonâmbulo para a desordem do mundo.