terça-feira, julho 18, 2023

Terça, 18.

Desdobro-me todos os dias em múltiplos afazeres. Faço-o por mim e pela natureza das coisas, num esforço por vezes difícil de suportar. O corpo pede-me descanso, mas ao mesmo tempo há nele um impulso de vida que requere arrojo, continuação, luta. Por exemplo, domingo fiquei horas de pé a confeccionar compota de morango e uma tarte para arquivo. Antes, pelas sete da manhã, sendo domingo e, portanto, com o quadro bi-horário a energia mais barata, passei duas horas a regar, a puxar mangueiras por vários metros de chão. Se juntarmos a isto as leituras, a escrita, a reflexão, o apuro da casa onde a anarquia por vezes se instala, temos o quadro arrastado dos dias agitados quando era suposto viver no campo na paz doce do Senhor. Como aqui o trabalho nunca acaba, tenho agora o hábito, pela fresca, de avançar por núcleos cortando rebentos de árvores aqui, abrindo caldeiras em redor das árvores para a água se fixar acolá, levando para queimar no Inverno os restos de podas, cortando os rebentos de sobreiro que estão por todo o lado, extraindo dos troncos previamente cortados para a lareira a capa de cortiça, apanhando a alfazema, atacando as silvas que agatanham pelas laranjeiras e macieiras, ufa, enfim cada vez mais longe do descanso a que uma vida agitada tem direito, mas que o dever, a responsabilidade, o dinheiro para ter um manajeiro, se interpõe. Dito isto, vou fazer meia hora de natação.    

         - A Bíblia é um emaranhado texto anárquico e violento. 

         - A corrupção tem sido a canção que vem embalando a governação de António Costa desde o princípio. Nunca deixou os jornais, as televisões, a conversa dos cafés e transportes públicos. Está de novo ao rubro. Fala-se de milhões de milhões de aldrabices e fugas ao fisco. Enquanto isto, o Governo prossegue afastando do chão os galhos de podridão, como se tudo isto não lhe dissesse respeito. Algures S. Paulo diz que a corrupção escraviza.