sábado, julho 29, 2023

Sábado, 29. 

“Há desprezo pelos pobres, pelas filas de espera na saúde, pelo incómodo dos transportes, pela vida urbana desconfortável, pelos bairros suburbanos esquálidos e pelos imigrantes ilegais explorados. Os trabalhadores mais qualificados e os técnicos diferenciados, incluindo académicos e cientistas, vivem já uma crise de oportunidades. Insiste-se no modelo de economia de mão-de-obra barata. Os dirigentes da política e da   economia esforçam-se por distribuir, com o que escondem as suas dificuldades em estimular o investimento e a criação de mais riqueza.” Palavras sábias do do costume, com página ao sábado no Público. Não dou de conselho a Costa e ao seu sacristão das Finanças leiam este artigo por inteiro, porque nem um, nem outro vivem no mundo dos seus concidadãos. 

         - O ataque da Justiça entrou agora no ramo privado e eis que surgiram mais uns quantos larápios a contas com o Ministério Público. Está tudo minado, do sector privado ao público. Na berlinda está um tal António Salvador, de cara de bebé Nestlé, meão e ar de ser do Norte no esmero aperaltado da sua pessoa, administrador da construtora Britalar e ligações ao futebol. Só esta semana atrás das grades e em prisão domiciliária, estão meia dúzia ou perto. Para quando a entrada em cena dos grandes e pequenos do PS? Se o MP não se dispõe a actuar já e vai esperar até novas eleições, os cofres cheios do Estado correm o risco de ficar vazios. José Sócrates, socialista, sabe como se faz e ninguém o consegue pôr na cadeia. Grande criminoso este figurão! Não me esqueço do que ele pedia ao sócio de Leiria em código secreto: ”Olha, não te esqueças de me mandar aquilo que tu sabes que eu gosto tanto.”  

         - Quando entrei ele estava instalado nos lugares reservados. Tive dificuldade em me acomodar a seu lado, porque o homem não facilitou entretido a marrar no telemóvel. Devia andar pelos trinta anos, rosto violento, corpo enorme que passava para a cadeira ao lado e tocava as suas pernas grossas como os trocos das dois sobreiros que tenho ao portão nas minhas, a cabeça rapada. Na estação seguinte, entrou uma senhora idosa que ele também não facultou, ficando a criatura sentada de lado. Até Sete Rios, não retirou os olhos do mostrador do telefone. E que via ele? Filmes de barbeiros rapando o cabelo à escovinha aos seus clientes. Foram enfiadas deles que se sentaram nas cadeiras e o passageiro absorvia com tal interesse que me deixou descrente do ser humano. Eu fujo de me sentar ao lado de pessoas gordas, porque exalam um calor insuportável a quem está próximo. Sinto isso imensas vezes com as negras medonhas a quem o vermelho dos estofos prioritários atraem.  

         - Assim, ante a chegada iminente de sua Santidade o Papa, eis que uma nota interessante surgiu. Um artista de instalações, decidiu fazer uma passadeira com notas de 500 euros e forrou a escadaria do palco-altar, na Expo. O acto artístico foi o modo encontrado por Bordalo II (é este o nome do talentoso) para denunciar o aproveitamento escandaloso que todos fazem da vinda de Francisco ao nosso país e aos milhões gastos nas festividades. O gesto de consciência do artista, vai de par com as notícias do Público de hoje. Todavia, embora nos sovem com aquela que somos os maiores do mundo em defesa e programação de acontecimentos (eles dizem eventos), o facto é que Bordalo II entrou no recinto, instalou a revolta e saiu, provando deste modo que a segurança do Papa pode ter furos por onde entre qualquer cilada. Defendendo a menina dos seus olhos, o presidente de Lisboa e o ministro da Administração Interna, chegaram-se à frente jurando que a segurança do recinto só começa amanhã. Mas o finório Moedas (o nome assenta-lhe às mil maravilhas), na sua fúria de ser o protagonista mais importante que o visitante, mandou colocar no primeiro degrau um tapete com a inscrição “Bem-vindo”. O pequeno homem nada percebe do acto litúrgico da celebração da missa, porque se entende-se saberia que a sua momice é de um mau gosto assustador. Acresce que, as expectativas do pobre de Cristo, presidente da Câmara de Lisboa, saíram furadas. A Booking diz que Portugal, para o mês de Agosto, tem menos 7% de ocupação nos hotéis.