sexta-feira, julho 28, 2023

Sexta, 28.

Nesta espécie de carnaval sagrado onde nos encontramos, pergunto-me onde está Deus. Ele que buscou o silêncio, escolheu uns quantos. Aquela que se reclama da sua Igreja, responde com alarido, festa, bom vinho e boas febras. Tudo isto é simplesmente ridículo. E para este ridículo gastou-se milhões e promoveu-se gentinha sem nível que tanto jeito dariam, os milhões, àqueles que passam fome, não têm casa, são mal tratados nos hospitais, aos velhos que vivem a roçar a existência, etc., porque as necessidades são tais e tantas que precisam da ajuda do bom Deus quando descrêem dos homens que os governam, eclesiásticos e políticos.  Para esta Igreja não dou. 

         - Estive na Brasileira com os do costume. O quadro em volta era a balbúrdia dos subúrbios, gente a tropeçar-se, que fala alto, quase despida oferecendo ao olhar o confrangedor de físicos desenhados na vestimenta justa, provocante, mas que não excita por demasiado explícita e feia. Não só o Chiado mudou de face, como um pouco por todo o lado o horror instalou-se nas ruas e praças. São os ditos turistas, muitos turistas religiosos, que passeiam sem ver, olham sem admirar, inundando tudo do bocejo que os acompanha. 

         - Os fogos voltaram. Cascais, Almodóvar, Algarve, mais uns quantos no Norte. A maioria fogos postos por pirómanos que se deliciam a ver partir grandes zonas de arvoredo. Nada que se compare com o que se passa nos Estados Unidos, França, Espanha e, sobretudo, Grécia onde devastam milhares de hectares há quase oito dias. Dizem que é devido a altas temperaturas; eu acho que é por causa de indivíduos sem escrúpulos ou ambição de dar outra utilidade aos terrenos, ou simplesmente por negligência.