quarta-feira, julho 26, 2023

Quarta, 26.

O líder do PSD declarou: “Eu só governarei Portugal se ganhar as eleições. Só governarei se tiver a confiança do povo. É assim que eu vejo a forma de catapultar Portugal para um projecto de transformação, de mudança, de esperança para o futuro.” Palavras. Paroles. Mots. Words. É tudo o que ele tem feito. Não se lhe conhece um programa consistente, uma palavra impulsionadora, uma medida que seja melhor do que as que António Costa aplicou e até das outras propagandísticas que são a maioria. O homem tem toda a lábia adquirida no Parlamento e não só a lábia como a falcatrua, a técnica do engano, o lampadário do provinciano. 

         - Talvez o país não mereça mais ou antes logre tipos como estes que nos têm calhado na rifa da desgraça. Com eles e a democracia singular que é a nossa continuamos pobres, subdesenvolvidos, tementes a Deus e à Pátria, mas alegretes e apaixonados e desinteressados e baldios e invejosos e sorridentes em dança permanente, em cantares ao desafio, em futebol driblado,  humildes, grotescos, passivos e superficiais. Amamos o que é transitório, acolhemos nesta altura de Norte a Sul um arraial de bandas, de cantores com vocalizações antropoides que arrebatam multidões, figuras grotescas cantando elevados poemas como este que escutei de raspanço: “Senta aqui mulher no meu colo, o que tu queres é chop chop (e repetia em refrão) chop chop chop.” Não é tão engraçado, tão “gostoso” viver neste reino encantado?! Eu, por mim, não o troco por nenhum outro. Sol, mar, futebol e cantinas são “a minha praia”. Que se lixe a fome, a miséria, a sacanagem dos políticos, a pilhagem do erário público, o analfabetismo, o trabalho, a arte, a ciência, a disciplina, a honradez, o silêncio que nos reduz à nossa ínfima e grandiosa pequenez. Chop chop chop. 

         - Manhã cedo andei a apanhar amoras. Quero juntar um quilo para fazer no fim-de-semana compota ou antes confiture como dizem os franceses. Ontem aconteceu aqui um dia divino. Avancei lá fora no muito que há sempre para fazer, trabalhei no romance, fiz meia hora de natação, estudei a Bíblia (tomo 1 de Os livros Históricos), reguei, carreguei para queimar no Inverno os dejectos cortados que formam já um comboio. 

Se isto não é trabalho, o que será?