segunda-feira, dezembro 27, 2021

Segunda, 27.

A intolerável pressão de Putin sobre a Europa e os EUA, por forma a impedir que a vizinha Ucrânia venha a fazer parte da NATO, como se enquanto país independente não possa decidir do seu destino e aliar-se a quem entenda útil à sua defesa, é algo que não pode passar incólume porque contém em si a ambição expansionista de outrora. Um cenário de confronto está instalado: do lado russo milhares de militares de soldados e arsenal bélico estende-se ao longo da fronteira com a Ucrânia; enquanto forças da NATO vigiam com mísseis antiaéreos e preparadas para o pior. O ano de 2022 começa com o espectáculo dantesco que ameaça o Leste Europeu. A ver vamos como tudo isto vai terminar. 

         - Na Coreia do Sul o número de mortes devido à pandemia é assustador, mas a pergunta que se faz é esta: e na Coreia do Norte? São  mortos todos os infelizes que surjam com Covid-19? 

         - A este propósito ainda bem que calculei bem a minha estada em Paris. Fui e vim sem problemas. Escapei a esta série de voos cancelados, às longas filas de testes à covid, aos voos anulados devido a contaminação de pilotes e pessoal de cabine, confinamentos, aumento de casos.  

         - Trabalhei esta manhã no romance, de tarde fui a Lisboa. Da meia dúzia de páginas que havia escrito, relidas hoje, metade vou eliminar porque não encontrei o ritmo que alcancei no começo. Assim sendo, já não sou o mesmo que voltou de França. Durante todo este mês, fui um ser quase seráfico, calmo, meditativo, encontrando no tempo espaço para reflexão, para olhar o que à minha volta acontecia, que media cada palavra, tomava distância entre o real e o imaginário, entre o essencial e o acessório, instalado numa espécie de sagesse onde a divindade não andaria longe. Deste modo, deixei de dormir serenamente, assombrações agitam o meu sono, histórias rondando o meu cérebro, instabilidade diurna a insuflar o sopro que conduz a vida. Parece que adivinhava. Antes de deixar a capital das luzes, adquiri um frasco de Euphytose com 180 drageias que espero chegue até ao fim do trabalho no romance.  

         - Folgo em saber que não estou só. O artigo no Público de ontem da autoria de Ana Sá Lopes, corrobora tudo o que eu afirmei aqui (Sábado, 25) acerca da entronização do almirante Gouveia e Melo. A trapalhada dos políticos PS foi tal (a que devo juntar o Presidente da República), que a sua posse enquanto chefe do Estado-Maior da Armada ocorrida hoje, foi a imagem de um Governo à deriva. Mais: o seu antecessor, Mendes Calado, pura e simplesmente demitido por João Gomes Cravinho, faltou à cerimónia; e o almirante das vacinas, se fosse coerente, nem teria aceitado o cargo. Acrescento uma imprecisão minha: citando de memória pus estas palavras na boca de Gouveia e Melo: “tenho fome de vencer”, quando ele disse tenho “fome de poder” que é infinitamente pior e define a criatura.