domingo, dezembro 19, 2021

Domingo, 19.

Há um escândalo que germina nos canais de informação e diz respeito às ofensas produzidas por um grupo de soldados da GNR de Odemira nas pessoas de vários imigrantes asiáticos. O MP ocupou-se (e bem) do assunto, trazendo à liça pública o relato dessas barbaridades perpetradas por uns quantos brutamontes da polícia. Destaca-se do grupo, um tal Rúben Candeias, com apenas 25 anos, e uma dose forte de sadismo. Este sujeito, brindava as suas vítimas com epítetos do género: “põe-te daqui para fora”, “és uma merda”, “mata-te”. De um grupo de seis, certa vez, até um deficiente foi arrastado e filmado com o telemóvel do monstro. Cenas destas, levam-me sempre a pensar que critérios são escolhidos no recrutamento dos rapazes e raparigas. E remetem-me para um estudo que li não sei onde, segundo o qual os soldados americanos durante a guerra de 1914-1918 tinham o nível intelectual de uma criança de 10-12 anos; quando do conflito de 1939-1945, era de 12-14 anos. Hoje o físico é a preocupação primordial, enquanto o cérebro anda ao nível dos homens primitivos – pelo que se vê, claro... 

         - Cheguei ao derradeiro ano (1945) do Journal (vol. 2) de Green e ao 1868 da correspondência entre George Sand e Gustave Flaubert. 

         - Faz frio. Nada que uma boa lareira acesa com vigor não ultrapasse. São 17,20 e dentro destes muros reina uma paz superlativa. Um fio de música (O Quebra-Nozes de Thakosvsty)  estende o sopro de serenidade aos quatro cantos do salão onde escrevo e onde trabalhei no romance. Tudo aqui é equilíbrio, distância, murmúrios, júbilos.