quinta-feira, dezembro 30, 2021

Quinta, 30.

É aterrador o que nos conta Victor Ferreira sobre o controlo a que vamos estar sujeitos com a alteração que a UE quer proceder, abrindo a porta à criptografia de tudo quanto se diz ou escreve na internet. A base é a suposta defesa da democracia. Pois. Sabemos como tudo começa sob estes auspícios, ignoramos como tudo termina. Sobretudo tomando como exemplo a China e a Rússia, os eternos aliados disfarçados de inimigos. Na China o ditador é que manda; na Rússia governa a nomenclatura presidida por Vladimir Putin. No Ocidente democrático, diz Victor Ferreira: “Nos países que constituem o bloco das democracias ocidentais, a resposta é mais complicada. Na Internet pública, muitos querem mandar. Nas internets privadas, parecem querer mandar as multinacionais que controlam a infra-estrutura.” 

         - A propósito como estamos em Portugal onde os utilizadores da internet parecem estar-se nas tintas para o que lhes impõem. Nesta matéria não acho que haja alguém que nos proteja. Tomemos o abuso de bancos, empresas, organismos públicos, que nos obrigam a dar o nosso consentimento para termos acesso a um jornal, a um produto, à nossa conta bancária, a uma dúvida gramatical, a uma consulta histórica e assim, num controlo sem precedentes nem justificação, quando lá fora, noutros países menos controladores e respeitadores da intimidade dos seus clientes, existe um link que diz “Continuar sem aceitar.” Por cá, queiramos ou não, só entramos nas páginas que procuramos, sob obrigação de nos expormos. Toma e amocha, português baldas e indiferente à tua liberdade!  

          - Tento reflectir. Não deve ser por azar que a Rússia e a China de encontram em avanços anti-democráticos, num ataque comum aos direitos dos cidadãos e à liberdade de pensamento. No caso da Rússia, a recente proibição do Memorial nascido na década de Sessenta, que tinha o objectivo de homenagear os milhões de vítimas da repressão soviética e do Gulag, fundado, entre outros, por Andrei Sakharov, e tão importante foi posteriormente quando da Chechénia, esta semana interditado por ordem de Putin, que a pouco e pouco toma a arrogância dos imperadores e senhor todo poderoso. A somar à tentativa de avançar sobre a Ucrânia e à proibição de ideias e ideais diferentes, o ditador sonha em restaurar aquilo que Gorbatchov, com esforço e determinação, implementou com a sua Perestroika.  


         - A sintonia parece ser perfeita, o circulo fecha-se. A China, também esta semana, deu o golpe final nas pretensões de Hong Kong à democracia, ao invadir e prender seis jornalistas do jornal independente Stand News. A razão: conspiração ao publicar artigos não afectos ao governo. Acontece que, terça-feira, véspera da invasão por 200 polícias, tinha havido o jantar anual da Associação de Jornalistas de Hong Kong que reafirmaram “(...) a cidade precisará sempre da verdade e de jornalistas. Independente do quão difícil for o caminho que temos pela frente, a Associação de Jornalistas não irá cair”. Que diz o nosso querido PCP? Cospe para o lado, boca calada. Contudo, estas cenas, são tiradas a papel químico do tempo em que a PIDE/DGS exercia sobre eles o mesmo método. A menos que, sendo perpetuadas pelos camaradas chineses, não sejam fascistas, mas patrióticas...