sábado, dezembro 18, 2021

Sábado, 18. 

A questão é esta: de que serve à Judiciária cantar cocorocó quando tem a rectaguarda tão frágil que denota a tristeza que por lá vai. O governo socialista (mas também pode ser qualquer um dos que por lá passaram ou virão a passar), quando se trata do sector privado não consentem nem uma ínfima parte do que praticam no serviço público. Exemplos não faltam o último dos quais é a querida TAP, perdão, a bandeira nacional. É certo e sabido que o Rendeiro, com um tudo de nada de sorte, não vai sair assim sem mais aquela como pretende o director da Polícia Judiciária. A grande vergonha abate-se sobre os serviços num todo. Quando os tradutores (os poucos que exercem) estão há dez anos à espera de serem pagos, que espera o Governo de uma justiça desta ordem? Uma coisa é a propaganda que, como se sabe, é farta; outra bem diferente é a realidade e esta ultrapassa todas as idas aos canais televisivos, as afirmações de competência e assim. 

         - O homem dos chifres, está uma vez mais em maus lençóis. O seu advogado, pessoa com quem simpatizo, dá-me a impressão que está a defender o indefensável. Ele só por ter sido membro do governo de José Sócrates e amigo daquele que se premiava todos os anos com dois ou três milhões na EDP, merece-me a maior desconfiança. A entrevista que deu ao Expresso, deixa entender que no final quem vai cantar de galo é ele. Tomara eu que o ilustre professor de universidade americana, soltasse a língua e atirasse cá para fora o rol de criminosos que fazem parte do seu escol. Mas ele não chega a tanto. É pequeno de estatura – e está tudo dito.  

         - Ontem fui ao encontro do João Corregedor e almoçámos juntos no seu restaurante favorito. Depois demos um salto a Campo d´Ourique para que eu conhecesse uma loja francesa que só vende queijos vindos directamente de França. É gerida por um francês e pelo empregado de igual nacionalidade. Com este entretive-me em conversa e quando lhe perguntei se tinha um chevre que se produz em Gordes, ele arribou o seu português que misturou com o francês e disse-me que era da comuna de Vaucluse. Então falei do grande convento beneditino que se encontra quase à beira da estrada, entre Avingnon e Gordes, do lado esquerdo. Ele não conhecia e eu expliquei que mosteiro era aquele e que queijo por lá se produz. João assistia admirado à conversa e no embalo disse que à loja tornaria para comprar um de todos os géneros e marcas ali existentes. “Isso vai-te custar uma fortuna”, observei. “Tens razão, levarei um ou outro.” Curioso do longo dia passado juntos, não ter havido uma única conversa sobre política – mas nós não nos calámos um segundo provando que há vida para lá da política...   

         - A coisa está preta. No Reino Unido, só ontem, houve 93 mil novos casos de vírus; na França passou dos 66 mil. A variante Ómicron galga sem misericórdia por todo o lado. Só se fala em voltar a confinar, como se os humanos fossem pássaros condenados a ficar longos períodos em gaiolas. Todavia, ontem, quando regressei já de noite, o Fertagus bondé como nunca tinha visto, o que ouvia aos passageiros chamar, alto e bom, aos governantes era “filhos da puta”. E diziam que não compreendiam como às horas de ponta houvesse tão poucas carruagens. Às duas senhoras perto de mim dei-lhes razão e incentivei-as a não se calarem. Curiosamente, de manhã, quando cheguei ao Chiado a Brasileira não tinha um único cliente na esplanada, nem o bispo António Carmo que é uma espécie de patriarca ortodoxo da coisa, lá abancava. As meninas do BE, que se deslocam sempre de automóvel embora carpem sobre o Planeta, deviam viajar incógnitas no Fertagus de vez em quando – acabavam-se as falácias.