quarta-feira, dezembro 22, 2021

Quarta, 22.

Grosso modo, estou de acordo com as medidas que António Costa tomou para enfrentar a nova variante do SARS-COV-2, neste período estabelecido pela sociedade de consumo e que tanto mal produz nos espíritos frágeis. 

         - Apresso-me a dar nota do que fui lendo ao longo do ano que está prestes a findar. Se realço dois títulos de autores nacionais, não desconsidero todos os outros que me ajudaram a ser melhor e, talvez, um pouco mais culto. Saliento – ao contrário do que me dizem alguns leitores, segundo os quais leio pouca literatura portuguesa -, dois confrades de quem, peço perdão, nunca havia lido nada. Por isso, a agradável surpresa teve repercussões na minha inopinada escolha. No monte de livros para conhecer em 2022, estão já outros exemplares destes dois grandes escritores portugueses que eu aconselho vivamente aos que seguem este quotidiano. 

Luz de Pequim – Francisco José Viegas

Homens imprudentemente poéticos – Valter Hugo Mãe

La tentation d´exister – Cioran

Ordesa (Em tudo havia beleza) – Manuel Vilas

A Um Deus Desconhecido – John Steinbeck

A Casa da Aranha – Paul Bowles

La petite Fadette – George Sand

Alegria (E, de repente, a alegria) – Manuel Vilas

O Regresso de Júlia Mann a Paraty – Teolinda Gersão

Um Milhão – Marco Polo

Journal de guerre – Paul Morand

L´ingénue libertine – Colette

Cartas Sem Moral Nenhuma – M. Teixeira Gomes 

Journal espiritual – Julien Green

Toute Ma Vie (Journal vol. 2) – Julien Green 

Correspondence – George Sand e Gustave Flaubert


         - Continua a chover e do céu de chumbo desabam com frequência bátegas de água. Não vou abandonar este presbitério tão cedo. Aqui reina a paz e o silêncio embalado pela murmuração da chuva batendo nas janelas como um cântico ininterrupto cuja origem remonta aos primeiros vendavais. Começaram a chegar as saudações natalícias das amigas e amigos despertados pela ordem colectiva dos adoradores da hipocrisia a que a sociedade pseudo-religiosa-social obriga. São antropoides que emergem do fundo de doze meses de silêncio e apatia ou, para falar como João Ferro Rodrigues, do interior da bolha.