sábado, dezembro 04, 2021

Sábado, 4. 

Estudos feitos ao acidente que provocou a morte de um empregado das auto-estradas e era conduzido pelo motorista que transportava o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, chegou-se à conclusão que a viatura ia a 160 km/hora!! Ao fim de cinco meses a fugir ao inevitável que era ter-se demitido imediatamente, o ministro do Partido Socialista (ele nunca foi ministro de Portugal), só hoje apresentou a sua demissão. Não o fez por vergonha, dignidade e respeito pelo falecido e sua família, mas porque “não posso permitir (olhem a arrogância) que este aproveitamento político absolutamente intolerável seja utilizado no actual quadro para penalizar a acção do Governo contra o senhor primeiro-ministro ou mesmo (atenção ao realce) contra o Partido Socialista”. O homem sempre foi um desastre e por vezes tinha pena dele porque se prestava ao fartote ridículo do magote jornalístico, ele que era “um simples ocupante” na ocasião e o motorista acusado de homicídio por negligência. Isto de velocidades socialistas não é novo. Quem não se lembra de Mário Soares que também tinha esta conduta monárquica. 

         - Chou Chou está no seu reino. Sem concorrentes que lhe façam frente, talvez venha a ganhar as eleições em França. Talvez. Entretanto, desdobra-se em campo que lhe é favorável: o mundo dos negócios. Está no Golfe Pérsico a negociar a venda de 80 caças Rafale e 12 helicópteros, no montante de 16 mil milhões de euros! A ele que se arvora, quando lhe convém, de protector dos direitos humanos, pôs a sua assinatura nos contratos ao lado da do despótico príncipe herdeiro do emirato do Abu Dhabi, o xeque Mohammed ben Zayed, o mesmo que mandou assassinar – entre outras desumanidades – o jornalista Jamal Khashoggi. Um banqueiro não tem inimigos, um Presidente não tem memória.  

         - Depois de passagem por Chipre, o Papa chegou à Grécia com a preocupação da dignidade e humanidade para com os migrantes. É por eles que se deslocou e pelos princípios sociais e culturais cuja raiz está na Grécia antiga. São dele estas palavras: “Sem Atenas e sem a Grécia, a Europa e o mundo não seriam o que são.” E já agora que o cito, não posso deixar de aludir às palavras de frade capuchinho, Catalamessa: “Não pode ter Deus por pai quem não tem o próximo como irmão.” 

         - Dia tristíssimo. O mundo vegetal hibernou e exibe o ar quedo dependurado das horas que tardam em cobri-lo do escuro da noite. Tantos nestes últimos dias partiram ceifados pela Covid-19. Não conheço esta terra, não pertenço a este chão, não entendo os discursos cavados de enganos, limito-me a balbuciar uma prece, impotente, desfeito, morrendo em cada velho que me voltou as costas sem um adeus.