sexta-feira, julho 02, 2021

Sexta, 2 de Julho.

“O aparecimento e meteórica difusão desta expressão no universo político português, convida a reflectir. Como não admira, os direitos de autor cabem a António Costa e constituem mais uma manifestação do imaginário com que se vai alimentando as ilusões do cordato rebanho português. Neste caso o problema está em que “bazuca” é pífio e anacrónico.” Este texto é de Fátima Bonifácio e vem acrescentar, e de que maneira, ao que aqui escrevi sobre a locução saída da cabeça luminosa e finíssima do primeiro-ministro. Quanto a Portugal, adianto mais este esclarecimento da mesma notável historiadora: “Entre os partidos instalados não vejo nenhum candidato possível (para reformar o país), e muito menos os do establishment, preocupados, isso sim, em manter o statu quo. Portugal tem 750.000 funcionários públicos. Se acrescentarmos os agregados familiares de cada um, temos perto de três milhões de pessoas dependem do Estado para viver! A conclusão é só uma: Portugal é irreformável, e sem se reformar não vai a lado nenhum – a não ser ao BCE.” Está tudo dito. Ou antes vai à pedinchice costumeira.  

         - Interrogo-me com frequência como estará o país quando Costa deixar o poder. O regimento de apaniguados tem a expressão que teve quando José Sócrates reuniu à sua volta um naipe de ajudantes mudos e surdos. Não quero pensar no que o meu pensamento me coage a imaginar. 

         - As infecções por covid crescem dia a dia. Ultrapassam já mais de 2.500 diárias. Marcelo, não quer perder terreno e deixar espaço à realidade, e vai dando uma no cravo outra na ferradura. Mas a verdade aí está. Não aprendemos nada com o passado, é da nossa condição de povo de barriga cheia à beira-mar. Nascemos mais para sobas que para estudar, trabalhar e pensar. Somos ignorantes, mas simpáticos. A expressão daquele que aldrabou meio mundo quando esteve à frente dos destinos da União Europeia, dirigindo-se ao outro da mesma jaez, diz com autoridade aquilo que somos: “Porreiro, pá!” Depois, um e outro, tiveram o mesmo destino; um e outro nunca foram julgados; um e outro vivem de expedientes vários e rentáveis. 

         - Pela Rússia as coisas estão mil vezes pior, a provar que a ditadura só funciona quando o povo a aceita. O Sr. Putin, depois de se gabar da sua Sputnik V que a filha prontamente tomou, devendo ter sido a única, porque a juventude e os milhões de russos recusam-na, a avaliar pela percentagem de inoculados: apenas 16 por cento! Talvez o senhor todo poderoso, vá obrigar de chicote em punho a população a ceder à maravilha da ciência que mata tudo e até tem um líquido que entrado no organismo pode vir a revelar muita coisa de todos e cada um. Pelo menos é o que dizem e parece estar na origem de tão monumental recusa. Será uma fantasia, mas uma fantasia que só acontece em regimes tirânicos. Eu desconfiei desde o início, quando o Corregedor avançou para mim de contentamento e eu disse-lhe que só a tomava depois de ele a experimentar...  

         - Fui à Brasileira ao encontro do Vergílio, Teresa, Luísa e Carmo. Que bem se esteve à conversa, discorrendo sem os ímpetos políticos introduzidos pelo João que faltou, a esplanada sem estrangeiros, o rumor do Chiado atenuado pela passividade do tempo, nem muito calor nem assomos desenfreados de vento, uma certa placidez no coração da capital. Dali dei um salto ao Corte Inglês para fazer algumas compras, trazer o jantar e abalar para a minha pequena vila onde acabei de chegar. Não vou nadar hoje, porque ontem devo ter abusado e a dor do lado direito voltou em força. Tenciono gozar os próximos dias aqui, neste oásis de verdura, onde o trabalho nunca se esgota e a orgia de cores e perfume me endoidecem.

Toque na foto, não tenha medo, ela não morde...