segunda-feira, julho 12, 2021

Segunda, 12.

Quinta-feira passada fui ao hospital Dona Estefânia fazer um complexo exame ao ligeiro astigmatismo que a minha médica pensa tenho no olho direito. A investigação teve a duração de três quartos de hora e parecia um jogo de crianças divertidas. Tanto eu como a médica que me assistiu, fartámo-nos de dizer larachas comigo babaca ante tão diverso jogo de números, letras, quadros, verticais, com óculos e sem eles, sob a atenta análise da técnica. Quanto me teria custado aquele estudo no privado? Uma fortuna e sem a simpatia, a amabilidade da terapeuta que foi de alta qualidade. Estou sempre vergado à competência do pessoal médico e paramédico do nosso SNS. Foi isso que pude constatar no início do ano, quando a Covid nos fechou os centros de saúde. Tanto no SAMS como no hospital da Luz, senti-me uma slot machine que o médico espremia até não haver moeda que caísse na caixa da sua enorme cobiça.

         - Ontem tivemos outra dose de fogo exactamente na mesma zona e quase à mesma hora, o que me leva a crer que não deve ter sido por azar. Os helicópteros passavam rentes ao tecto da casa, enquanto daqui eu assisti-a à tarefa dos bombeiros. Fazia uma canícula insuportável, eram quatro da tarde. Até ao jantar, borrifei o chão em torno da habitação não fosse o diabo tecê-las. A natação habitual foi protelada. 

         - Cuba desperta para a liberdade. Milhares de cubanos, em várias cidades do país, saíram à rua gritando “abaixo a ditadura”, “pátria e vida”, “nós não temos medo”. E também para pedir vacinas, comida e uma vida condigna. A polícia carregou sobre os manifestantes, o Governo, como de costume, culpa os Estados Unidos que diz apoiar os protestos. Mas este é um assunto a seguir com imenso interesse. 

         - Esta amanhã deu-me para abancar numa esplanada na Luísa Todi e avançar por duas horas no romance. Revi uma vez mais as primeiras páginas (até à 6) e nessa revisão, senti fúrias de destruir tudo e pôr de parte o projecto. Acudiu-me então iniciar uma série de contos que há muito desejo fazer. Prossegui, contudo. Quando por volta do meio-dia recolhi o tricot, sentia uma leve satisfação e voltei a prometer não desistir de um tema extremamente difícil. A questão é esta: existe facilidade em algum empreendimento literário?