domingo, julho 11, 2021

Domingo, 11.

Christian ao telefone contou-me o sofrimento atroz que ele e a mulher passaram durante dois meses devido à Covid-19. Foi o filho Augustin que os infectou e por sua vez foi contaminado na Sorbonne, Paris, onde estuda. O rapaz restabeleceu-se em cinco dias, eles andaram noutro mundo, perdidos. Logo me ocorreu a filha do Corregedor que, volvido mais de um ano que deixou os cuidados intensivos do Santa Maria, ainda toma 15 comprimidos por dia e a sua vida quotidiana nunca mais voltou a ser a mesma. 

         - Vou ter que espaçar ou pôr de parte a leitura dos Essais. O corpo de letra diminuto e o papel transparente, cansa-me imenso e não me deixa avançar ao ritmo que me é habitual. Fico com Paul Morand que, tendo ultrapassado as 100 páginas, me dou conta, a exemplo de Catherine Mansfield, o diário é constituído por cartas à mulher e ao filho e a alguns amigos. Sem papas na boca o escritor que estando em Londres na embaixada francesa como diplomata, digamos, polivalente conta o dia-a-dia da guerra pelo lado de dentro. Com acesso ao imediato dos acontecimentos, é muito interessante conhecermos como a Segunda Grande Guerra se desenrolou e como se vivia nos meses e anos que ela durou. Morand foi apoiante de Pierre Laval o que não me impede de conhecer esse outro lado da história.  

         - Afinal o senhor todo poderoso do Benfica, foi posto em liberdade e pode até retomar o cargo de presidente, mediante a módica quantia de três milhões de euros de caução. Claro está uma gorjeta para quem traficou entre 100  e 40 e tal milhões segundo a imprensa escrita. 

         - Longa conversa telefónica com a Annie de férias na sua casa de Quiberon. Parece que está assente que eles chegam em Outubro de carro e eu seguirei depois com ambos para Paris. Isto se os chineses não lançarem entretanto outro irmão do SARS Cov-2. E farão num qualquer país pobre, superpovoado e sem imunização. 

         - Nós não estamos protegidos de maneira nenhuma, há sempre artimanhas que as multinacionais nos lançam e não podemos fugir-lhes. Veja-se o caso do acesso à internet. Há pouco tempo, em princípio para nos defender, deram-nos a opção de escolhermos se queremos ou não abrir determinada página sem termos de franquear a nossa identidade, expor os nossos dados. Tudo bem. Só que a Google, qualquer empresa, por exemplo, a EDP chinesa, para entrarmos só nos oferecem duas opções: apor o “sim” ou desistir de continuar. Ficamos bloqueados e a quantidade de viagens virtuais que é necessário empreender, expõem-nos à curiosidade malsã de traficância da nossa individualidade. Os governos são dirigidos por clubes fantasmas que dominam o mundo. Pela minha parte, quase sempre, recusando repartir dados pessoais, desisto de prosseguir nas minhas buscas e conhecimentos.