segunda-feira, julho 26, 2021

Segunda, 26.

António Costa parece o Pai Natal a distribuir prémios por essa província profunda onde está em campanha para as autárquicas. O dinheiro não é dele, mas esmola que a UE nos concedeu. Tenho muito medo deste modo da fazer política que o primeiro-ministro é useiro e vezeiro. Espero que o seu mandato não termine como o do seu camarada de férias confortáveis na Ericeira, depois do cansaço da governação, de dois anos a estudar francês e a aprender a tocar piano em Paris.  

         - Dou mais um exemplo da minha preocupação que assenta na maneira petulante como o seu benjamim aprendeu com o mestre. Sirvo-me mais uma vez da corajosa Fátima Bonifácio. Eu sabia que o chou chou de Costa, pouco tempo depois de ter chegado à câmara de Lisboa, havia criado o susto que consistia na iminência de o miradouro de S. Pedro de Alcântara estar para ruir; só não sabia é que os serviços da autarquia, ante tal perspectiva, haviam pedido ao LNEC uma avaliação. Este respondeu que não se perspectivava tal perigo. Entretanto, já Medina havia encetado obras urgentes adjudicadas à Teixeira Duarte e sem concurso público. Veio-se a saber mais tarde que o ajuste directo não tinha fundamento legal. Algum tempo depois, alguém com contactos privados com a Teixeira Duarte deu à língua: a empresa vendeu ao presidente da Câmara de Lisboa um apartamento com 200.000 euros de desconto! Epiloga a ilustre articulista: “Afinal, a urgência era esta!”  

         - Faleceu Otelo Saraiva de Carvalho. A esquerda (à excepção da pequena do BE) é moderada no elogio fúnebre; a direita emitiu palavras de circunstância, mas quem o resume melhor é o pároco da esquerda hoje no Público: “Quem se quer orgulhar do papel do primeiro Otelo tem de estar preparado para admitir vergonha com o papel do segundo Otelo.” Bravo Rui Tavares! Para mim, o obreiro do 25 de Abril era uma personagem de romance, ingénuo, voluntarioso e autêntico. Foram estas características que o levaram ao desastre das FP-25. Gosto, contudo, mais do Otelo que eu via com frequência a almoçar com uma dos seus dois amores. Ao contrário do outro que canta os dois amores que nunca teve, o militar de Abril, ao que me consta, sempre amou duas mulheres e julgo que uma sabia da existência da outra. Não é tão fascinante e diz muito da sua generosa personalidade?  

         - A página 15 do Público é assustadora. Está lá pespegado tudo o que os nossos políticos se recusam a saber e vai ser a maior desgraça num futuro próximo. O malabarismo de Marcelo quanto à “esperança” e “confiança” na vacinação, a doentia obsessão pela economia de Costa, a indiferença dos empresários da restauração e hotelaria nas tintas para tudo o que seja alheio aos cifrões. E no entanto, o Presidente da República tem tema mais do que suficiente para acordar a classe política, como aconteceu no Fórum da Competitividade a semana passada.  

         - Banhada por meia hora. Pela primeira vez este ano, a água está um pouco verde. De manhã chuviscou, os últimos dias têm estado mistos de sol e nuvens – o pior para a manutenção da piscina.