quinta-feira, julho 15, 2021

Quinta, 15.

De que é feito um diário? De vida. O que entra nele? A salada que compõe tanto a existência pessoal como a colectiva. O que ficará de tanto registo, de tanta preocupação, de tantos acontecimentos? Ninguém sabe. Adianto, contudo, no meu caso: que fique uma frase soltada no desespero da alegria ou no instante refulgente da solidão – isso me basta, isso me plenifica. 

         - Dia abrasador de calor. Diz-me a Piedade que ontem, à mesma hora, no mesmo local os bombeiros foram chamados para extinguir o incêndio. A câmara é comunista, mas o fogo criminoso. 

         - Anota Morand de Londres, no dia 25 de Outubro de 1939: “Churchill c´est un amateur en tout, en peinture, en littérature, en journalisme, etc.” pág. 114, Gallimard. Assino de cruz. Tive sempre esta impressão. De Gaulle ao seu lado foi um gigante não só em altura, sobretudo em estatura moral.  

         - Manifestação de agentes da polícia – GNR e PSP – em frente à residência do primeiro-ministro; alguns em calções. Que chique! Que revolucionário! Que excitante!