segunda-feira, maio 31, 2021

Segunda, 31.

“Estou absolutamente convencido que se encontram, neste momento, nas prisões portuguesas, a cumprir pesadas penas de prisão por homicídio ou roubo, cidadãos muito mais sérios, honestos e humanos no que toca aos sentimentos que nutrem pelos  seus concidadãos do que alguns dos personagens que têm vindo a depor na comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao Novo Banco.” Estas palavras são de um homem que aprecio imenso: Francisco Teixeira da Mota. Falava o ilustre advogado do escândalo que têm sido os inquéritos parlamentares aos devedores do antigo BES e, acrescento eu, à aplicação dos nossos impostos em tranches anuais para o mesmo saco. Sendo António Costa o governante, o banco vai receber outra maquia – que devia ser aprovada pelo Parlamento -, directamente do primeiro-ministro sem dar cavaco à Assembleia. Como se chama isto? Despotismo?   

         - Justamente, a propósito, quero lembrar o chumbo do PS e CDS-PP à ida de Rui Pinto à comissão de inquérito ao Novo Banco. O criador dos Football Leaks que parece estar activo e a acompanhar com interesse a trajetória dos corruptos do futebol, reagiu e no Twitter escrevendo que o significado político da rejeição da sua audição “mais que o mero veto, deve-se enaltecer o simbolismo da decisão e o seu significado político”. Mas disse mais “a simbiose entre política e os principais escritórios de advogados, (são) uma das marcas deste regime socialista”. Assim mesmo, sem tirar nem pôr. Temos homem. 

         - Vou-me quedar um pouco mais na observação do género socialista de governar. Como já aqui disse o partido de Costa tem sido ao longo do tempo – excepção para o camarada Cravinho – o mais contrário à clarificação honesta dos cargos públicos. Este mês vai ser discutida na Assembleia as várias propostas do Mecanismo Anticorrupção. Todavia, o Governo já adiantou a hipótese de excluir do novo regime os gabinetes dos principais órgãos políticos e de todos os órgãos de soberania, assim como o Banco de Portugal. Portanto, um largo campo onde tudo pode acontecer seja directamente, seja por interposto camarada. Todos estes gabinetes ficam desobrigados de apresentar planos de prevenção de riscos de corrupção. Mas há mais que me inquieta. Para esta gente que vive lá no alto e o dinheiro abunda, só é crime quem não apresentar justificação de rendimentos e património acima de 50 salários mínimos mensais (qualquer coisa como 33.250 euros) desde o início de funções e os três anos após o seu termo. Depreende-se, então, que tudo o que for abaixo deste valor não é considerado enriquecimento ilícito. Ora, tenho para mim, que é ladrão quem rouba um euro como quem furta um milhão. Depois aquela importância não aufere por ano 80 por cento da população portuguesa. O regabofe ainda vai no adro.  

         - Abri o lounge. É lá que agora trabalho debaixo do grande guarda-sol, os olhos postos nas hortênsias que abrem ao longo da entrada como andor da Virgem e o canto da passarada à desgarrada. O Verão urge, vem cada vez mais apressado e por causa dele esteve aí o Sr. Vítor esta manhã a mudar o relógio que controla o tratamento da água na piscina. No próximo fim-de-semana, sendo mais económica a energia chinesa, tenciono despertar a água e pô-la pronta às banhadas diárias. Bonheur. Bonheur.