terça-feira, maio 11, 2021

Terça, 11.

Pois é. Não sei o que me deu, quando ontem pus em dúvida que Teolinda Gersão tivesse conhecimento do Diário póstumo de Thomas Mann. Esta manhã, fui espreitar a minha biblioteca de autores portugueses, e encontrei dois livros da autora que eu havia lido quando saíram em 1984 (Os Guarda-chuvas cintilantes) e 1989 (O Cavalo de Sol). Depois sentei-me lá fora ao sol a folheá-los. De repente, peguei no último que mereceu a minha atenção. Abri numa de ler o que havia sublinhado ou anotado, quando, para meu espanto, dou com este pormenor que não deixei de ter grifado: “Mais tarde, ainda nesse ano de 1920, registei que o tinha encontrado completamente nu (ao filho Klaus), e que o seu corpo radioso de adolescente me deslumbrara. Tinha sido uma vivência avassaladora.” (pág. 71) Justamente a passagem que eu havia assinalado ontem é na realidade realçada pela autora no O Regresso de Júlia Mann a Paraty. Como boa e conscienciosa escritora e professora, ela conhecia e tinha lido os dois grossos volumes do Diários e decerto em alemão. Então o que aconteceu para ter-me esquecido? Só encontro uma razão: sendo o livro constituído de o primeiro capitulo onde Freud interpela Thomas Mann e o segundo o inverso; eu ter apreciado particularmente a construção argumentativa do psicanalista.  Depois a autora falava de Viena que eu ao ler não deixava de sobrepor as recordações que tinha vivido na capital de Áustria, em 2016, quando visitei a casa do criador da psicanálise, no número 19 da Berggasse. 

O célebre canapé em que me sinto a mais no gabinete do ilustre médico.