segunda-feira, dezembro 23, 2019

Segunda, 23.
“Gradualmente a Europa perde os seus traços antigos: a cultura clássica helénica, o cristianismo e o iluminismo. Em trova, vai recebendo o poderio da cultura de massas americana, o irredentismo islâmico e o multiculturalismo afro-asiático. O pior é que, com tudo o que perde, a Europa também pode perder a sua diversidade nacional, a democracia e as liberdades.” Este estrato pertence a António Barreto, no Público de ontem e obrigam-nos a reflectir.

         - « Mais dans cette succession inimaginable de confessions et de fellations, on comprend bien que chez Green le plaisir de l’annulingus l’emporte sur la passion du Christ. Ce qui devrait enchanter les amateurs de littérature érotique (para mim é mais que erótica, é pornográfica) et dévaster les grenouilles de bénitier – bien qu’il puisse s’agir des mêmes. « Estes pedaço de prosa bem observada, é da autoria de Frédéric Martel o mesmo autor de No Armário do Vaticano, um testemunho da vida sexual airada de padres, cardeais, bispos com chulos de Roma.

Exemplos ao acaso:
29 de Março de 1929: “Robert me disait qu´il y a un an seulement on dessait Claude: ce délicieux garçon était obligé de faire tomber son pantalon et mettait à l´air, paraît-il, le plus joli cul qui pût se voir. Avec quels frissons et quels rugissements je l´eusse dévoré!” Pág. 115.

11 de Novembro de 1929. O forte do escritor eram marinheiros e louros com negros não queria nada ou muito pouco. No Trocadéro, encontra um e o soldado faz-se rogado. Até que Green estende-lhe 50 francos. Nota no bolso, o rapaz diz-lhe que podem ir a um hotel, acrescentando: “Vous ne le regretterez pas.” Gostas que te faça “feuille de rose”? – a especialidade de Green. Resposta do rapaz: “Oh, oui.” Julien pergunta-lhe ainda “comment il se fait baiser”, “avec de la vaseline et lentement.” De imediato o marinheiro leva a mão à braguilha do diarista para se certificar “si je ne suis pas trop fort, il paraît que non”.  Conclusão: “Petites couilles et petite pine, mais jolies. Il me dit qu´il n´a de poils q´aux mollets et encore se rase-t-il”. Pág. 119.

Sábado, 13 de Junho de 1931. A preferência de Green pelas pissotières, verdadeiras instituições dos aflitos e lugares de engate seguro, hoje substituídas pelas toilettes Chirac, Julien gabava-se de as conhecer todas pelo menos as de Paris. A dada altura, cansado de fazer a corte a frustrados e chulos, faz-de-conta e meninos-família, passou a entrar nestas catedrais onde, pelo menos, todos os que encontrava estavam lá a fazer tudo menos as necessidades fisiológicas. No dia assinalado por ele, seguiu um rapaz de uns dezassete anos, que entrou numa pisssotière... É melhor dar a palavra ao fascinado por crianças e jovens muito novos. “Il est au milieu et se branle timidement puis se tourne vers moi, montre alors un (aqui alguém apagou qualquer coisa) visage d´une beauté merveilleuse, une pine enorme. (…) J´essaye en vain de le faire sortir et voyant que cela est impossible je saisis la pine. Mes doigts ne parviennent pas à se rejoindre autor de ce membre qui ferait honneur à un homme. Je le branle avec vigueur et précipitation (j´ai encore dans la main comme la sensation de cette chair dure et chaude dont la peau glisse si bien), presque aussitôt mon poing est inondé de foutre, je continue de le branler et il en vient encore. Le garçon jouit sans un mot, sans un soupir, les yeux baissés. Je lui pelote les fesses (...) mais il se détourne, il ne pense plus qu´à fuir, avec la belle ingratitude de son âge. (...) Plusieurs minutes après je sors de ma poche le mouchoir dont je me suis serci pour m´essuyer les doigts et je le flaire pour m´assurer que je n´ai pas rêvé, et l´odeur de ce jeune foutre me prend au nez. Pág. 261.

         - Passagens como estas encontram-se em quase todas as páginas (pelo menos até à 354 tantas até hoje lidas), servidas por uma linguagem ordinária e vulgar. Evidentemente, uma tal actividade sexual, vivida ao sabor do desassossego, levá-lo-ia a doenças venéreas que para o início do século XX eram tenebrosas.  É o caso de uma blenorragia (Pág. 159) que o Dr. Rasis (que nome!) vai tratar. 


         - Entre o meio-dia e as três da tarde no rés-do-chão e primeiro andar, de um lado e outro, as janelas ficaram abertas para varrer do interior da casa a humidade de vários dias de chuva ininterrupta. Prometem-nos sol por uma semana.