Segunda, 23.
“Gradualmente a Europa perde os seus
traços antigos: a cultura clássica helénica, o cristianismo e o iluminismo. Em
trova, vai recebendo o poderio da cultura de massas americana, o irredentismo
islâmico e o multiculturalismo afro-asiático. O pior é que, com tudo o que
perde, a Europa também pode perder a sua diversidade nacional, a democracia e
as liberdades.” Este estrato pertence a António Barreto, no Público de ontem e
obrigam-nos a reflectir.
- « Mais dans cette succession
inimaginable de confessions et de fellations, on comprend bien que chez Green
le plaisir de l’annulingus l’emporte sur la passion du Christ. Ce qui devrait
enchanter les amateurs de littérature érotique (para mim é mais que erótica, é pornográfica) et dévaster les
grenouilles de bénitier – bien qu’il puisse s’agir des mêmes. « Estes pedaço de prosa bem
observada, é da autoria de Frédéric Martel o mesmo autor de No Armário do Vaticano, um testemunho da
vida sexual airada de padres, cardeais, bispos com chulos de Roma.
Exemplos ao acaso:
29 de Março de 1929: “Robert me disait
qu´il y a un an seulement on dessait Claude: ce délicieux garçon était obligé
de faire tomber son pantalon et mettait à l´air, paraît-il, le plus joli cul
qui pût se voir. Avec quels frissons et quels rugissements je l´eusse dévoré!”
Pág. 115.
11 de Novembro de 1929. O forte do
escritor eram marinheiros e louros com negros não queria nada ou muito pouco.
No Trocadéro, encontra um e o soldado faz-se rogado. Até que Green estende-lhe
50 francos. Nota no bolso, o rapaz diz-lhe que podem ir a um hotel,
acrescentando: “Vous ne le regretterez pas.” Gostas que te faça “feuille de
rose”? – a especialidade de Green. Resposta do rapaz: “Oh, oui.” Julien
pergunta-lhe ainda “comment il se fait baiser”, “avec de la vaseline et
lentement.” De imediato o marinheiro leva a mão à braguilha do diarista para se
certificar “si je ne suis pas trop fort, il paraît que non”. Conclusão: “Petites couilles et petite pine,
mais jolies. Il me dit qu´il n´a de poils q´aux mollets et encore se
rase-t-il”. Pág. 119.
Sábado, 13 de Junho de 1931. A preferência
de Green pelas pissotières, verdadeiras
instituições dos aflitos e lugares de engate seguro, hoje substituídas pelas toilettes Chirac, Julien gabava-se de as
conhecer todas pelo menos as de Paris. A dada altura, cansado de fazer a corte
a frustrados e chulos, faz-de-conta e meninos-família, passou a entrar nestas
catedrais onde, pelo menos, todos os que encontrava estavam lá a fazer tudo
menos as necessidades fisiológicas. No dia assinalado por ele, seguiu um rapaz de
uns dezassete anos, que entrou numa pisssotière...
É melhor dar a palavra ao fascinado por crianças e jovens muito novos. “Il
est au milieu et se branle timidement puis se tourne vers moi, montre alors un
(aqui alguém apagou qualquer coisa) visage d´une beauté merveilleuse, une pine
enorme. (…)
J´essaye en vain de le faire sortir et voyant que cela est impossible je saisis
la pine. Mes doigts ne parviennent pas à se rejoindre autor de ce membre qui
ferait honneur à un homme. Je le branle avec vigueur et précipitation (j´ai
encore dans la main comme la sensation de cette chair dure et chaude dont la
peau glisse si bien), presque aussitôt mon poing est inondé de foutre, je
continue de le branler et il en vient encore. Le garçon jouit sans un mot, sans
un soupir, les yeux baissés. Je lui pelote les fesses (...) mais il se
détourne, il ne pense plus qu´à fuir, avec la belle ingratitude de son âge.
(...) Plusieurs minutes après je sors de ma poche le mouchoir dont je me suis
serci pour m´essuyer les doigts et je le flaire pour m´assurer que je n´ai pas
rêvé, et l´odeur de ce jeune foutre me prend au nez. Pág. 261.
- Passagens como estas encontram-se em
quase todas as páginas (pelo menos até à 354 tantas até hoje lidas), servidas
por uma linguagem ordinária e vulgar. Evidentemente, uma tal actividade sexual,
vivida ao sabor do desassossego, levá-lo-ia a doenças venéreas que para o
início do século XX eram tenebrosas. É o caso de uma blenorragia (Pág. 159)
que o Dr. Rasis (que nome!) vai tratar.
- Entre o meio-dia e as três da tarde no rés-do-chão e primeiro andar,
de um lado e outro, as janelas ficaram abertas para varrer do interior da casa
a humidade de vários dias de chuva ininterrupta. Prometem-nos sol por uma
semana.