Domingo, 8.
O Mário (advogado), a mulher e a Maria
José almoçaram cá em casa. Fiz o prato mais apetitoso irmão do inverno, próprio
para a conversa entre amigos diante da lareira a crepitar, num quadro de
camaradagem arrastado pela tarde: a raclette.
O queijo trouxe-o de Paris, tudo o resto daqui perto. Depois, demos um salto à
vila onde o Fortuna expunha os seus quadros ao lado do trabalho do casal de
santeiros. Aí deparei com o antigo Presidente da Câmara de Palmela que não via
há muito tempo e fora marginalizado pelo PCP de uma forma não só injusta como
indecente. Longa conversa recheada de confidências que não são para aqui
chamadas. Foi o melhor Presidente que Palmela teve: inteligente, justo, lúcido
e próximo dos munícipes. O dia escondeu-se sob denso e misterioso nevoeiro, só
o castelo que parecia assombrado, se erguia valoroso lá no alto.
- A loucura da sociedade de consumo atinge o seu delírio nesta altura do
ano, dita de Natal. Não se sabe quando Jesus nasceu, esta época não tem nada a
ver com o culto que lhe está associado, esquece-se o querido Planeta, todo o
mundo gasta o que tem e o que não tem, em nome de uma criança que nasceu pobre e
durante toda a sua curta vida viveu da ajuda dos outros. E explicar isto aos fanáticos
do ter e haver!