sábado, dezembro 14, 2019

Sábado, 14.
“A miséria nacional vem em grande parte da comparação saloia que a propósito de tudo toda a gente faz entre Portugal e a Europa. Infelizmente, como dizia Salazar, o país é pobre e pobremente será obrigado a ir vivendo. Quem se indigna com este prognostico severo vive nas nuvens e abre a porta a muita agitação desnecessária. É extraordinário o tom com que as “massas” falam dos seus direitos; parece que antes vieram da ilha do tesouro e que uma fortuna lhes foi roubada na véspera por um tirano sanguinário.” Estas palavras são de Vasco Pulido Valente no Público de hoje a propósito do esforço que, segundo ele, Costa está a fazer para acudir às reivindicações que vomitam de todo o lado. O historiador tem razão, mas a verdade é esta: se não fossem os protestos e as revoltas o país encontrava-se ainda no fundo das cavernas. Mais: Soares disse-nos que se entrássemos para a então CEE, passaríamos a viver como qualquer alemão, francês ou holandês. É dessa mentira que nasceram muitos dos delírios colectivos. Que não são únicos das “massas”. Os grandes banqueiros e PDGs, com a entrada na UE, passaram a ser pagos como os seus congéneres franceses que, por suas vez, exigiram salários idênticos aos americanos. Por isso, caros compatriotas, não baixem a revolta. Lá no alto – banqueiros, políticos, gestores públicos e privados, e tantos outros de estratos dois pontos abaixo – nunca cessaram de enriquecer, mas agora ao nível de milhões e triliões. Há muito que milhares deixaram de lhes interessar.


         - Curioso constatar a rapidez como os nossos amáveis comentadores e jornalistas mudam de casaca. A linguagem é já outra quando falam de Boris Johnson. Dá que pensar. Quando eu entrei para o jornalismo, aprendi que a minha obrigação era dar a notícia tal qual ela me chegava e os meus olhos a viam. Hoje a notícia é comentada, passa pelo crivo da ideologia do jornalista, que junta o seu parecer que não nos interessa para nada, ou vem bichanada da Redacção que, por sua vez, a escuta dos gabinetes ministeriais e empresas de peso. São eles que assassinam o inocente e incensam o culpado no altar das manobras que recheiam a grelha de publicidade, dos subsídios, etc. etc..