Sábado, 28.
Chou Chou deu uma de sério o incorrupto,
como se houvesse hoje políticos talhados como diamantes. Que eu saiba, lá no
país dele só De Gaulle que até as viagens de casa para o Eliseu pagava do seu
bolso ou Salazar que nem a esquerda ousou pôr em causa a sua honestidade. O
homem quer convencer os trabalhadores que a sua proposta de reforma é baseada
na equidade e, por isso, vai ao ponto de rejeitar o direito à reforma de
Presidente quando deixar o cargo. Eu se fosse banqueiro, também não me
importava com a gorjeta de Presidente da República. Dito isto, o sujeito até tem
feito coisas acertadas para acabar com as mordomias dos deputados e senadores,
sabendo que a populaça está mais atenta e menos inclinada a deixar passar os
exageros das leis sobre o assunto que eles próprios fizeram ou fazem. Por cá
ninguém percebe porque razão temos de pagar reformas vitalícias aos deputados,
suplementos chocantes aos ex-chefes de Estado. A que propósito? Grandes manifestações hoje
nas ruas de Paris e por todo o país.
- Grabriel Matzneff está de novo em maus lençóis. Com mais de 80 anos
vê-se nas bocas do mundo por causa de um livro que acaba de sair escrito por
uma sua ex-amante. Ela conta que ele a seduziu
quando tinha catorze anos à saída do liceu. Ele ia nos cinquenta e poucos. Eu
que continuo a ler o outro Green, e riu-me quando penso na evolução ou retorno
destes princípios morais. Se o autor de Épave
fizesse a hoje vida que levou entre os 20 e 40 anos, a sodomizar miúdos de 14 e 15
anos, estava nos calaboiços. Ele e Gide, Montherlant, Cocteau, Jouhandeau, Max
Jacob, Lacretelle assim como a corte imensa de pintores, coreógrafos, rapazes
da dança, da moda e passo, sem esquecer o seu “bobby” cherri Robert de Saint-Jean.
- Dia resplandecente, claro, quente qb.