sexta-feira, abril 20, 2018

Sexta, 20.
Há mais um caso que se tem desenvolvido ao longo destes últimos anos e agora se aproxima do fim e envolve dois quadros do ex-BES: a EDP chinesa na altura portuguesa, dois ex-governantes: Manuel Pinho e António Mexia. No topo está o banqueiro Ricardo Salgado que vai acabar por morrer sem saber se conseguiu convencer o país e os juízes da sua inocência na talega de processos em curso nos tribunais. O ex-banqueiro é suspeito de mais um caso de corrupção na pessoa do homem dos chifres, à época ministro da Economia, para obter benefícios enquanto accionista de referência da eléctrica. Os juízes suspeitam que Sócrates também molhou a mão nos dinheiros do seu ministro, para cima de meio milhão de euros. Assim como Mexia, João Neto e o ex-presidente da REN Rui Cartaxo. Cruzes! Não há ninguém que escape. Eu se fosse político ou governante demitia-me. Ter sobre mim uma plêiade de gatunos, é desmoralizante e pode prestar-se a cumplicidades.

         - Das 10,30 às 20 horas estive com o Corregedor. Primeiro na Brasileira, depois no meu velho bairro onde almoçámos, de seguida no Pátio Bagatela que frequentei durante anos, após no Amoreiras, todo o caminho feito a penates para, enfim, tomarmos o autocarro que nos deixou no Corte Inglês e dali à Gulbenkian para a inauguração da mostra Pop Arte. O João é um conversador nato, da velha guarda, com vidas e personagens que se cruzaram comigo e ambos somos uma espécie de esponja dos acontecimentos sociais, políticos, profissionais e pessoais de uma época áurea onde tudo acontecia no espaço tangente de um suspiro. Eu não sabia que ele tinha entrado para deputado por desistências de outros. Quando foi convidado a integrar a lista do MDP, o meu amigo pediu para ficar em último na certeza de que não seria eleito e poderia prosseguir a carreira de jornalista, sendo esse o seu desejo. Retenho do muito que se conversou, por vezes no alvoroço dos temas, esta nota. Um dia ele vai num transporte público e vê uma senhora (a única) a ler. Entusiasmado diz-lhe da sua satisfação em ver alguém entregue à leitura, e ainda por cima ao poeta Manuel Alegre. Ela responde-lhe, furiosa: “Este tipo é um...” João encolheu-se e afastou-se de queixo caído...


         - Quando o desânimo e a descrença nos invade, refugiemo-nos em Deus e nos autores que nos trouxeram à vida abastanças de esperança e encantamento.