segunda-feira, abril 23, 2018

Segunda, 23.
O Daesh, ao contrário do que pensa e diz Chou Chou, não está morto. Acaba de o afirmar ao matar para cima de meia centena de afegãos em Cabul, que se preparavam para votar e ao ferir mais de uma centena. Um atentado ao modo a que nos acostumou, europeus, e fomos mártires: utilizando um infeliz que se prestou a morrer em nome do fanatismo e do ódio que lhes entope o discernimento e a razão. O Afeganistão, de resto, vive no temor deles e dos talibãs.

         - Dizer o que disse num dia claro, cheio de sol puro, com o coração apertado de descrença nos sistemas políticos e religiosos, raia o absurdo. E todavia, esta loucura dá-nos o limite da nossa fragilidade, a certeza que podemos desaparecer daqui a segundos, amanhã, ou... Razão de sobra para que nos empenhemos em sermos melhores em cada dia banhado da luz terna do astro-rei.


         - Em Seia, seis meses depois dos terríveis incêndios, mais de 76 casas continuam debaixo das cinzas, famílias inteiras desesperam por ajuda que o Estado lhes prometeu e depressa as esqueceu, desligadas as câmaras de televisão, nenhumas eleições próximas, a propaganda de meses ensaiada diante do sofrimento e da solidão da montanha negra com os esqueletos das árvores por paisagem. Todos ouvimos falar ou lemos nos jornais que havia milhões para acudir aos desesperados. Tudo não passou afinal, não passa de propaganda. Este Governo é genial a enganar o povo, sobretudo o povo simples, martirizado, que o fogo empobreceu ainda mais. O Verão não tarda, os fogos também não. Da mixórdia dos discursos sobeja a aflição daqueles que ficaram sem familiares, vizinhos, casas, árvores e gado.