sábado, abril 21, 2018

Sábado, 21.
A exposição Pós-pop que na Gulbenkian foi inaugurada quinta-feira, e que visitei na companhia do João, Guilherme, Maria, Maria Pia, e onde encontrei vários artistas com quem privava em tempos com frequência, é digna da representação artística dos pintores e escultores portugueses da geração de Sessenta e Setenta. A nossa amiga Teresa Magalhães que por si só quase ia açambarcando o certame, põe o dedo na ferida ao afirmar que “a realidade do país era muito cinzenta, portanto era necessário colori-la “. De facto, é isso que a transcende através de uma série de telas de um realismo vivo que se traduz não só na cor, como na temática pragmática por vezes expressiva, outras vezes coberta pela matriz do humor e da história tout court. Ali misturam-se pintores ingleses e de outras nacionalidades, todos unidos na descoberta conceptual de um mundo diametralmente oposto, mas com um dominador comum: a liberdade. Alguns quadros já eu conhecia e foi, portanto, uma graça revê-los, percorrer a história de um tempo ali materializada pela imagem que tem por vezes mais força e expressão que a palavra soletrada sem convicção ou hipócrita. Ficaram-me os olhos na obra de António Palolo, Manuel Batista, Menez, Noronha da Costa e Sá Nogueira com dois belos trabalhos. O meu saudoso amigo Covina Natividade era apaixonado pela sua pintura. Quando ia lá a casa jantar, ficava diante de uma tela resplandecente de cor e força.


         - Manhã diluviana, tarde banhada de um sol forte em bicos de pés como a dizer-nos que ainda existe.