domingo, abril 29, 2018

Domingo, 29.
Os líderes das duas Coreias, Kim Jong-um (do Norte), Moon Jae-in (do Sul), encontraram-se para assinar um acordo vasto de paz. De repente, tudo mudou. Há semanas o mundo estava à beira de uma catástrofe nuclear, agora é só sorrisos, promessas, pancadinhas nas costas, folclore e festa rija na fronteira que divide as duas nações. É verdade que o insuflável não destruiu as armas que diz ser a voz que o equipara aos Estados Unidos; como também estes não abandonaram o cerco que mantêm àquele. Portanto, é de crer que tudo não passa de palavras, de um qualquer ensaio para medir forças. Ou então a política é cada vez mais um jogo de charlatanice. O futuro o dirá. No meio disto tudo, o mais consistente e inteligente de todos os pontos de vista, acaba por ser o ditador da Coreia do Norte.

         - O país original que nós somos, nos últimos dois anos com um crescimento de cogumelos na forma de hotéis e hostels impressionante, não tarda a cair como um baralho de cartas. O Mágico vende uma coisa que não possui, o Presidente da República distribui beijos e fixa selfies, o Ministro da Economia, enjaulado na UE, perdeu-se nos jogos entre Bruxelas e o lugar que ocupa em Portugal, as greves estão por todo o lado, a Moody´s que vê tudo de longe, continua a dizer que não passamos de “lixo”.  

         - No saldo da semana. Chou Chou passou três dias a representar o seu próprio drama nos Estados Unidos. Aquilo foi um festival trágico-cómico, com intimidades com o construtor civil, jantares de gala com a senhora sua esposa encolhida no tailleur de onde ressaía o cabelo em forma de espanador. No final, regressou a França sem nada de substancial alcançado, com o rabo entre as pernas magras e sorriso cínico desmaiado. O senhor, perdão, a senhora que se segue é chanceler Angela Merkel. Mas ela, atendendo às amizades com o construtor, vai sair de gatas.

         - Eu não sou leitor de Rui Tavares e tenho muitas reservas quando à sua actividade política, mas estou do seu lado quando, escrevendo sobre os milhões de Manuel Pinho, diz que não podemos ter confiança no “homem dos dois indicadores” que adquiriu a casa onde Almeida Garrett vive e morreu... para a destruir. Mais: o Presidente da Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes e o seu sucessor Carmona Rodrigues, autorizaram a demolição. É caso para dizer: les beaux esprits se rencontrent.

         - “Macron é o presidente dos ricos” diz François Hollande, ele que tratou os pobres de desdentados. O que pode o ódio, a raiva e o escárnio chez les politiques! Que canalhas!


         - Ontem o canal ARTE passou uma reportagem sobre a pobreza, que digo eu, a extrema pobreza que dos Santos e família ao enriquecerem ilicitamente não tiveram tempo nem interesse para, não digo exterminar, acudir às crianças que vivem em bairros de lata no centro de Luanda e pelas províncias do país como se fossem animais selvagens. Fiquei tão incomodado com o que vi e era do meu conhecimento, que meti-me no carro e fui ver chover longe de casa. A minha raiva era tanta que só me apetecia pôr toda a família de José Eduardo dos Santos contra um muro e pum, pum, pum.