Domingo, 15.
O único homem prudente e equilibrado no
contexto da guerra na Síria, é Vladimir Putin. Não reagiu a quente, foi
contido, inteligente, evitando assim uma escalada que Chou Chou incompetente no
seu reino e May desnorteada no reino da outra, queriam a todo o custo impor em
parceria com um louco construtor civil. Mas isto foi um aviso ao mundo. Algo de
muito doloroso está a construir-se nos cérebros destes dementes que nos
governam. As Nações Unidas, chefiadas por um homem culto e humano, foram
ultrapassadas. Eu, se fosse a António Guterres, demitia-me. Relembro a frase de
Platão hoje em epigrafe no Público: “Só os mortos conhecem o fim da guerra.”
- A história da família, tão grata à sociedade de consumo e ao controlo
do Estado sobre as pessoas, alimentada pela Igreja e pelos bons costumes, nunca
foi queijo de que eu gostasse. Cresci em colégios, longe desse peso impositivo,
em completa liberdade, sem amarras que me limitassem os movimentos, as ideias,
nem constrangimentos de ordem moral, social, sexual. Os Estados democráticos,
sobretudo na nossa querida União Europeia, para melhor controlarem os cidadãos
e, portanto, afastarem-nos dos princípios cristãos de igualdade e fraternidade,
decidiram separar as águas: Igreja para um lado; Estado para outro. Contudo,
naquilo que lhes convém, vão buscar formas normativas da Igreja e são em muitos
aspectos mais controladores, sectários e falsos profetas, fazendo tábua rasa
das origens cristãs do mundo ocidental que, apesar dos muitos erros, e quando
comparadas com os fundamentalismos hoje imperantes na Europa, é de todas as
religiões aquela que mais se aproxima dos valores humanos e sob o lema do Amor
enquanto expressão fundamental da conduta humana. Jesus nunca falou desse reino
açambarcador da liberdade, hipócrita e arrogante, que leva multidões a viver
vidas tristes, circunscritas, de fachada. Ao longo da minha vida, sempre
observei as vidas dos casados que me rodeiam e nunca as desejei para mim. Às
claras ou por subterfúgios contidos, antevi as traseiras das suas existências
medíocres, limitadas, pretensamente venturosas. A família enquanto instituição
é um embuste, é castradora e alienante. Não planeia o homem para a solidão,
para o diálogo íntimo consigo, para a viagem que um dia todos teremos de fazer
e cuja preparação começa aqui, nesta terra que o governos dizem ser abastada de
bens e felicidade, de coisas e coisinhas, que para nada servem, lá, onde espero
todos tenhamos a graça de conhecer, face a face, aligeirados do peso da nossa
importância e da riqueza que a sustém, o nosso Criador.
- Concomitantemente estas ideias, sem concessões, assinaladas por Gabriel
Matzneff, em A Jeune Moabite, Gallimard,
página 405: “Jai tant écrit sur la stupeur, l´exaspération que suscite en moi
l´incroyable baratin des curés sur “la famille chrétienne” alors que le Christ
n´a jamais cessé un instante, et cela depuis sa fugue a l´âge de douze ans,
d´exprimer le dédain que lui inspirent les liens familiaux, je ne vais pas me répéter
ici, je me borne a noter que les mots “Christ” et “famille” sont antinomiques,
qu´un synode sur la “famille chrétienne” est une bouffonnerie, et que le pavé
lancé par ce Mgr Charamsa (prelado polaco, oficial da Congregação da Doutrina
para a Fé e professor em várias universidades pontifícias) dans la mare des
grenouilles de bénitier est un bonbon pour l´esprit.”
- O mundo está como está, mas neste pobre país alimentado pela overdose da
corrupção futebolística, os noticiários abrem com o jogo entre os dois
principais clubes!