terça-feira, fevereiro 16, 2016

Terça, 16.
Um amigo dos tempos desassossegados dos meus vinte anos, que passou uma parte da vida pelo mundo fora em missões diplomatas, surgiu do entulho cibernauta. Eu explico-me. Há dias, abrindo a minha caixa de e-mail, tive a grata surpresa do seu encontro com uma fotografia do nosso tempo de juventude para que eu o reconhecesse. Outros e-mails sucederam-se. Num deles perguntei-lhe como me tinha encontrado. Ele respondeu que tinha aberto o Google, digitalizado o meu nome e eis que quem sou nessa caverna de Ali Babá, o meu blogue e outras informações surgiram levantando-me do fundo de remotas épocas quando os dias eram um diamante luzindo ao sol acariciador e as noites alvéolos de palavras sussurradas... Outra foto descobre o homem cinquentão, anafado, de cabelos brancos, e no fundo da imagem, o rapaz elegante e bonito que vem à tona no sorriso que não mudou. Ao vê-lo tal qual é hoje, senti que também eu envelheci, embora espere que nele como em mim o coração conserve a mesma inocência que nos arrastou por uma juventude alegre e despreocupada.

         Ontem decidi também entrar no Google e perguntar-lhe quem sou. Grosso modo, pas mal. Todavia, descobri algo que me desgostou profundamente. Um amigo de juventude, que frequentava a minha casa de S. Marçal, homem com uma vida original que fui acompanhando porque ele me pediu ajuda financeira e psicológica algumas vezes, inteligente, com dois cursos superiores, casado e interessante sob todos os pontos de vista, tem à venda umas quantas primeiras edições de vários livros meus. Como se calcula, não ponho em dúvida que, dada a nossa proximidade, lhe tivesse oferecido um exemplar dedicado de cada um deles, mas não mais do que isso.


         - Um dia, para os povos subordinados ao euro e à tirania de Bruxelas, não haverá outra alternativa que a guerra civil para se libertarem dos opressores.