Domingo, 14.
Faleceu Michel Tournier. Um choque
seguido do sentimento que toda esta boa gente, estes pensadores admiráveis, se
vão assim levando consigo o segredo das suas vidas partilhadas através dos
livros, diários, poemas deixando-nos aqui à mercê de uma canalha sem ideias nem
ideais, sem conceitos filosóficos de nenhuma natureza, gananciosos, obstinados
em fazer fortuna, psiquicamente desequilibrados, egoístas e fazendo da
banalidade orgulho que exibem com despudor. Quem não leu Les météores ou essa joia que é Vendredi ou les limbes du Pacifique! Tournier começou a escrever a
partir dos quarenta anos e viveu os últimos numa pequena quinta longe de Paris,
isolado das grandezas serôdias dos intellos franceses. Plus près de la mort qu´aucun autre homme,
je suis du même coup plus près des sources mêmes de la sexualité, escreveu
ele em Vendredi ou les limbes du
Pacifique.
- Neste aspecto, valha-nos sua Santidade. Francisco decidiu fazer do seu
pontificado uma bandeira contra a corrupção, a injustiça e a violência dos que
nos governam coligados com essa sombra sinistra o mundo da finança que quer
fazer de nós uma multidão de escravos. Está no México. Antes, no aeroporto de
Havana, encontrou-se com o chefe da Igreja Ortodoxa, o Patriarca Kirill. Para
quem o quis escutar, dirigindo-se aos governantes, não poupou nas palavras. “De
cada vez que optamos pela via do privilégio e dos benefícios para nós próprios,
mais cedo ou mais tarde a sociedade torna-se num terreno fértil para a
corrupção, o tráfico de droga, a exclusão das diferentes culturas, a violência,
o tráfico de seres humanos, a morte.”
- O temporal não desarma. Toda a noite ouvi o vento abanar portas e janelas,
a chuva cair com estrondo, a noite fechar-se num salmo aflitivo. Devíamos estar
satisfeitos se tivermos em conta que o ano passado não choveu durante seis
meses e as barragens e albufeiras, terras e rios estavam no limite. Mas esta
chuva que tem caído brava, semeou o pavor, destruiu habitações, inundou cidades
e aldeias, isolou pessoas e gado e o saldo final é mais um drama para todos os
que sofreram com os prejuízos e para o país que, pobre, mais pobre fica quando
pagar os estragos de um Inverno longo e exaltado.