domingo, fevereiro 14, 2016

Domingo, 14.
Faleceu Michel Tournier. Um choque seguido do sentimento que toda esta boa gente, estes pensadores admiráveis, se vão assim levando consigo o segredo das suas vidas partilhadas através dos livros, diários, poemas deixando-nos aqui à mercê de uma canalha sem ideias nem ideais, sem conceitos filosóficos de nenhuma natureza, gananciosos, obstinados em fazer fortuna, psiquicamente desequilibrados, egoístas e fazendo da banalidade orgulho que exibem com despudor. Quem não leu Les météores ou essa joia que é Vendredi ou les limbes du Pacifique! Tournier começou a escrever a partir dos quarenta anos e viveu os últimos numa pequena quinta longe de Paris, isolado das grandezas serôdias dos intellos  franceses. Plus près de la mort qu´aucun autre homme, je suis du même coup plus près des sources mêmes de la sexualité, escreveu ele em Vendredi ou les limbes du Pacifique.  

         - Neste aspecto, valha-nos sua Santidade. Francisco decidiu fazer do seu pontificado uma bandeira contra a corrupção, a injustiça e a violência dos que nos governam coligados com essa sombra sinistra o mundo da finança que quer fazer de nós uma multidão de escravos. Está no México. Antes, no aeroporto de Havana, encontrou-se com o chefe da Igreja Ortodoxa, o Patriarca Kirill. Para quem o quis escutar, dirigindo-se aos governantes, não poupou nas palavras. “De cada vez que optamos pela via do privilégio e dos benefícios para nós próprios, mais cedo ou mais tarde a sociedade torna-se num terreno fértil para a corrupção, o tráfico de droga, a exclusão das diferentes culturas, a violência, o tráfico de seres humanos, a morte.”  


         - O temporal não desarma. Toda a noite ouvi o vento abanar portas e janelas, a chuva cair com estrondo, a noite fechar-se num salmo aflitivo. Devíamos estar satisfeitos se tivermos em conta que o ano passado não choveu durante seis meses e as barragens e albufeiras, terras e rios estavam no limite. Mas esta chuva que tem caído brava, semeou o pavor, destruiu habitações, inundou cidades e aldeias, isolou pessoas e gado e o saldo final é mais um drama para todos os que sofreram com os prejuízos e para o país que, pobre, mais pobre fica quando pagar os estragos de um Inverno longo e exaltado.