sábado, fevereiro 13, 2016

Sábado, 13.

Ontem passei o dia inteiro em Lisboa. A primeira parte na Brasileira onde fui-me encontrar com os meus amigos e declinar estar presente no almoço de aniversário da neta de José Saramago, num restaurante upa, upa. A segunda parte do dia, na clínica Malo onde percebi em minutos porque é que na Grã-Bretanha todo o mundo detesta os dentistas. Segundo o escritor Rentes de Carvalho que leu nos jornais holandeses, 20 por cento dos ingleses não trata dos dentes e quando os têm podres, são eles próprios que os arrancam. Os que ficam a precisar de reparação, eles compram por 6 euros um kit da firma DentTek, e fazem o que têm a fazer. A empresa, só no ano passado, vendeu para cima de 250 mil unidades. Voltando à Malo, a sensação que tive é que fui transformado numa slot machine daquelas que os casinos possuem. Depois, dou-me conta que os estomatologistas são como os políticos. Quando há trinta anos o Dr. Eurico Freitas começou a tratar da minha boca, era um dos melhores que existia e tinha consultório na Lapa. Foi José Saramago que era seu paciente, quem mo aconselhou. Descobri então, que todo o mundo jornalístico e artístico era seu cliente. Na sala de espera esbarrei com gente distinta, como o Zeca Afonso que eu conhecia da sua casa em Setúbal onde estive com a Cetinha convidado pela Zélia sua mulher. Depois, uns anos passados, a Zitó sugeriu-me o Dr. Gambeta. Lá, voltei a ver gente de vários quadrantes políticos e artísticos. Na primeira consulta, o médico torceu o nariz aos processos de trabalho do seu colega. Ontem, o clínico que me recebeu, não foi tão longe “porque a minha posição deontológica não permite”. Resumindo: eu que havia entrado para extrair um dente do sizo, saí de lá com um orçamento de... 20 mil euros!! Vou ter que me despachar, porque para a semana tenho um encontro com o socialista François Hollande e não quero que ele mande dizer pelos lacaios que não recebe pobres desdentados. Bom. Chove.