Quinta, 4.
Mais uma trabalheira para a Justiça.
Praticamente, depois do 25 de Abril, os juízes trabalham em exclusivo para
caçar políticos, banqueiros, gestores públicos e privados, jogadores de futebol,
deputados, presidentes autárquicos e de junta de freguesia, um ou outro
primeiro-ministro, em breve um chefe de Estado que traficam ou traficaram
influências, lavagem de dinheiro, latrocínio, corrupção, roubo declarado e
passo porque começo a ficar enjoado. Desta vez, trata-se de um ex do futebol
com negociatas obscuras com os infelizes africanos, para os lados do Congo,
imagine-se! e de um outro com quem me cruzei há alguns anos e me surpreendo só
agora ser apanhado. Numa casa do amante de futebol, foram encontrados 8 milhões
de euros! É vertigem. Estes tipos não se contentam com pouco. Querem sempre
mais e mais e o muito é ainda ninharia. O lodo que por aí corre clandestino, se
o país fosse governado por gente honesta, daria para aumentar os pobres e os
reformados pobres, fazer hospitais, duplicar os salários públicos e ainda
sobrar para uns décimos quarto, quinto e sexto mês suplementar para toda a
população trabalhadora e séria.
- O polvo está por todo o lado. Estive a ler com imenso interesse o JL.
O que aí se diz do mundo da edição, é aterrador. Nada que eu já não soubesse e
ultimamente tenha experimentado na pele. Pobres dos escritores que são quem
mais sofre embora sejam eles que dão a ganhar a toda a cadeia de gananciosos
que descobriu nos livros vários mananciais de interesses e oportunidades de muita
ordem. Ao longo das páginas, desfilam editores e editoras, livreiros e
gráficas. Todos têm opinião quanto ao futuro do livro e do trabalho do Estado
na formação dos jovens, mas nenhum é mais audaz, clarividente, corajoso e
assertivo que Hugo Xavier. Este é cá dos meus. Não se deixa enrolar, passa ao
lado das minudências, vai em frente com propostas concretas. O patuá não é o
seu número, como também não é a bajulação. E no entanto, não obstante a sua
juventude, muito fez já pelos livros e autores. Nesta matéria, tenho algo a
dizer. Direi assim que tenha tempo. Até porque estive ligado ao sector. Fui,
inclusive, conselheiro de edição, escrevi textos, examinei obras, construi layouts,
apresentei autores.