quinta-feira, fevereiro 04, 2016

Quinta, 4.
Mais uma trabalheira para a Justiça. Praticamente, depois do 25 de Abril, os juízes trabalham em exclusivo para caçar políticos, banqueiros, gestores públicos e privados, jogadores de futebol, deputados, presidentes autárquicos e de junta de freguesia, um ou outro primeiro-ministro, em breve um chefe de Estado que traficam ou traficaram influências, lavagem de dinheiro, latrocínio, corrupção, roubo declarado e passo porque começo a ficar enjoado. Desta vez, trata-se de um ex do futebol com negociatas obscuras com os infelizes africanos, para os lados do Congo, imagine-se! e de um outro com quem me cruzei há alguns anos e me surpreendo só agora ser apanhado. Numa casa do amante de futebol, foram encontrados 8 milhões de euros! É vertigem. Estes tipos não se contentam com pouco. Querem sempre mais e mais e o muito é ainda ninharia. O lodo que por aí corre clandestino, se o país fosse governado por gente honesta, daria para aumentar os pobres e os reformados pobres, fazer hospitais, duplicar os salários públicos e ainda sobrar para uns décimos quarto, quinto e sexto mês suplementar para toda a população trabalhadora e séria.


         - O polvo está por todo o lado. Estive a ler com imenso interesse o JL. O que aí se diz do mundo da edição, é aterrador. Nada que eu já não soubesse e ultimamente tenha experimentado na pele. Pobres dos escritores que são quem mais sofre embora sejam eles que dão a ganhar a toda a cadeia de gananciosos que descobriu nos livros vários mananciais de interesses e oportunidades de muita ordem. Ao longo das páginas, desfilam editores e editoras, livreiros e gráficas. Todos têm opinião quanto ao futuro do livro e do trabalho do Estado na formação dos jovens, mas nenhum é mais audaz, clarividente, corajoso e assertivo que Hugo Xavier. Este é cá dos meus. Não se deixa enrolar, passa ao lado das minudências, vai em frente com propostas concretas. O patuá não é o seu número, como também não é a bajulação. E no entanto, não obstante a sua juventude, muito fez já pelos livros e autores. Nesta matéria, tenho algo a dizer. Direi assim que tenha tempo. Até porque estive ligado ao sector. Fui, inclusive, conselheiro de edição, escrevi textos, examinei obras, construi layouts, apresentei autores.