Terça, 7.
O Grexit
tão querido aos senhores do Eurogrupo particularmente ao seu presidente
socialista (oh, pois então!), assim como a Rachida Dati que diz que Tsipras
mentiu ao seu povo como se eles todos não fossem os maiores pinóquios que Deus
pôs à face da terra, saída que a expressão insignificante dos 2 por cento do
PIB europeu que a Grécia acentua e representa. Aqui é que está o busílis.
Tivesse a Grécia a percentagem do PIB da França, da Holanda ou outro qualquer
país abastado, outro galo cantaria. Como, de resto, já cantou inúmeras vezes
quando os Gauleses não atingiram o défice obrigatório, idem a Alemanha, quando
as acções Gold não foram vendidas, quando o desemprego é o que se vê... É
preciso ter lata, mas lata é o que não falta a estes básicos. Quanto à solidariedade
que esteve na base da construção europeia, nem querem ouvir falar nisso. A
ideia de todos por um e um por todos foi uma fantasia dos homens de antanho.
- Dito isto, só podemos saudar a coragem do bravo povo grego que contra
ameaças, ruína, escravidão, insultos, pobreza, votou desfavoravelmente os
abusos dos novos feudais. Mais: o seu primeiro-ministro, um dia depois do
veredicto, teve o expressivo voto de confiança da maioria dos partidos da
oposição (julgo de seis) na Assembleia. É certo que sacrificou o excelente
ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, temido da clique europeia do euro, mas
ficou intacto o seu poder e capacidade de negociação dura que lhe vão mover os
acomodados senhores de Bruxelas.
- Ao lado disto que importância tem a execução no teatro romano de
Palmira de 25 homens sírios por 25 crianças dos 10 aos 15 anos! Como se aquela
barbaridade fosse o happy and de uma
ópera ou cena teatral, 100 pessoas sentadas assistiram e aplaudiram o feito que
foi registado em vídeo para a posteridade. O refinamento dos barbudos da Daech
atingiu o apogeu do martírio e do inconcebível. A Europa que tem culpas em tudo
isto quando invadiu diversos países islâmicos ao lado dos Estados Unidos com o
pretexto de neles instalar a democracia e depois os abandonou à sua sorte
deixando-os indefesos e à mercê das maiores atrocidades, é a mesma que agora
quer reduzir à pobreza e à desgraça um país aliado. Devido à sua política de
alianças com os EUA, o mundo vai-se transformando num inferno onde ninguém tem
prazer em viver.
- Faleceu esta madrugada Maria Barroso na sequência de uma queda em casa
e depois da entrada em coma onde ficou uma semana. Para ela aquela morte foi
uma bênção do céu, ela que vivia no pavor do seu encontro. Conheci-a nos
bastidores do Tivoli , julgo que por intermédio de José Gomes Ferreira que ali
trabalhava. Sabia que ela era ouvinte assídua do meu programa Nova Musa. Isto antes do dito 25 de
Abril. A seguir muita água correu debaixo da ponte da esperança. Foi aquilo a
que os jornalistas chamam “primeira dama”, conheceu os labirintos sombrios da
política activa partidária e quando o filho teve um acidente gravíssimo em
África, despachou-se para lá de forma a acudir ao necessário. Instalou-se perto
do hospital da África do Sul para onde João Soares foi enviado. O tempo passava
lento, o desespero e a descrença dos médicos na salvação do filho nula. Foi
quando ela se agarrou a Deus, depois de ter ouvido os médicos dizerem “isto só
com um milagre”. O milagre aconteceu e ela nunca mais largou a fé que praticava
como os desesperados da heroína quando sentem que estão prestes a deixá-la.
Voltei a vê-la na igreja do Campo Grande, aos domingos, muitos anos mais tarde.
Reconhecendo-me, convidava-me a fazer o peditório na sua companhia. Eu aceitava
o bolsa de flanela que ela me entregava, mas despachava-a para alguma fiel
perto de mim, não me achando digno para recolher as esmolas. Tinha simpatia por
ela, porque a achava um senhora frágil, porém decidida à sua maneira entre o
dócil e o imperativo. Neste momento já está face a face com o Criador,
conhecendo, enfim, Aquele que imolou o cordeiro João para a trazer de volta ao
Seu reino. Descasa em paz. Os tormentos e as dores acabaram.