terça-feira, julho 07, 2015

Terça, 7.
O Grexit tão querido aos senhores do Eurogrupo particularmente ao seu presidente socialista (oh, pois então!), assim como a Rachida Dati que diz que Tsipras mentiu ao seu povo como se eles todos não fossem os maiores pinóquios que Deus pôs à face da terra, saída que a expressão insignificante dos 2 por cento do PIB europeu que a Grécia acentua e representa. Aqui é que está o busílis. Tivesse a Grécia a percentagem do PIB da França, da Holanda ou outro qualquer país abastado, outro galo cantaria. Como, de resto, já cantou inúmeras vezes quando os Gauleses não atingiram o défice obrigatório, idem a Alemanha, quando as acções Gold não foram vendidas, quando o desemprego é o que se vê... É preciso ter lata, mas lata é o que não falta a estes básicos. Quanto à solidariedade que esteve na base da construção europeia, nem querem ouvir falar nisso. A ideia de todos por um e um por todos foi uma fantasia dos homens de antanho.

         - Dito isto, só podemos saudar a coragem do bravo povo grego que contra ameaças, ruína, escravidão, insultos, pobreza, votou desfavoravelmente os abusos dos novos feudais. Mais: o seu primeiro-ministro, um dia depois do veredicto, teve o expressivo voto de confiança da maioria dos partidos da oposição (julgo de seis) na Assembleia. É certo que sacrificou o excelente ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, temido da clique europeia do euro, mas ficou intacto o seu poder e capacidade de negociação dura que lhe vão mover os acomodados senhores de Bruxelas.

         - Ao lado disto que importância tem a execução no teatro romano de Palmira de 25 homens sírios por 25 crianças dos 10 aos 15 anos! Como se aquela barbaridade fosse o happy and de uma ópera ou cena teatral, 100 pessoas sentadas assistiram e aplaudiram o feito que foi registado em vídeo para a posteridade. O refinamento dos barbudos da Daech atingiu o apogeu do martírio e do inconcebível. A Europa que tem culpas em tudo isto quando invadiu diversos países islâmicos ao lado dos Estados Unidos com o pretexto de neles instalar a democracia e depois os abandonou à sua sorte deixando-os indefesos e à mercê das maiores atrocidades, é a mesma que agora quer reduzir à pobreza e à desgraça um país aliado. Devido à sua política de alianças com os EUA, o mundo vai-se transformando num inferno onde ninguém tem prazer em viver.


         - Faleceu esta madrugada Maria Barroso na sequência de uma queda em casa e depois da entrada em coma onde ficou uma semana. Para ela aquela morte foi uma bênção do céu, ela que vivia no pavor do seu encontro. Conheci-a nos bastidores do Tivoli , julgo que por intermédio de José Gomes Ferreira que ali trabalhava. Sabia que ela era ouvinte assídua do meu programa Nova Musa. Isto antes do dito 25 de Abril. A seguir muita água correu debaixo da ponte da esperança. Foi aquilo a que os jornalistas chamam “primeira dama”, conheceu os labirintos sombrios da política activa partidária e quando o filho teve um acidente gravíssimo em África, despachou-se para lá de forma a acudir ao necessário. Instalou-se perto do hospital da África do Sul para onde João Soares foi enviado. O tempo passava lento, o desespero e a descrença dos médicos na salvação do filho nula. Foi quando ela se agarrou a Deus, depois de ter ouvido os médicos dizerem “isto só com um milagre”. O milagre aconteceu e ela nunca mais largou a fé que praticava como os desesperados da heroína quando sentem que estão prestes a deixá-la. Voltei a vê-la na igreja do Campo Grande, aos domingos, muitos anos mais tarde. Reconhecendo-me, convidava-me a fazer o peditório na sua companhia. Eu aceitava o bolsa de flanela que ela me entregava, mas despachava-a para alguma fiel perto de mim, não me achando digno para recolher as esmolas. Tinha simpatia por ela, porque a achava um senhora frágil, porém decidida à sua maneira entre o dócil e o imperativo. Neste momento já está face a face com o Criador, conhecendo, enfim, Aquele que imolou o cordeiro João para a trazer de volta ao Seu reino. Descasa em paz. Os tormentos e as dores acabaram.